Descubra os 4 benefícios da Dança Circular

Descubra os 4 benefícios da Dança Circular

Descubra os 4 benefícios da Dança Circular, uma jornada que une transformações físicas, cognitivas, sociais, emocionais e espirituais.

Na roda da vida: Danças Circulares como possibilidade para grandes transformações.


 

Uma grande amiga me relatou sobre a primeira vez que “entrou na roda”, dando seu primeiro passo ao som de uma música grega, sentindo um grande abraço no mais fundo da alma, ela olhou nos olhos das pessoas que estavam a sua frente e viu toda a grandeza da Dança Circular.

Deixou-se levar pelo tênue fio de música que a conduzia, sentindo a ancestralidade a flor da pele, conectando-se com todas as cores, raças, tempos e espaços, acessando outros níveis de consciência e percepção. Em outro momento ela continuou… a roda girou, girou e a levou para todas as rodas da vida, trazendo profundida e beleza, junto a um grande processo transformador. Deborah Dubner (2014),  relatou-nos que a “dualidade da vida se encontra também na Roda da Dança, no dar e receber, pedir e agradecer, abrir e recolher, ser aceito e aceitar, andar e parar, cantar e silenciar, seguir em frente e andar para trás, começar e terminar, cansar e energizar, sorrir e chorar”.

Desde que houve o sopro da vida, a dança faz parte do universo. Para os povos antigos, integrados à natureza, a dança era uma ação espontânea que fazia parte do dia a dia no qual a comunidade marcava seu pertencimento ao vivenciar valores e crenças. Dançar era uma forma de expressão do Ser Humano e as danças eram utilizadas em diferentes ocasiões, como forma de celebração, nos diferentes ciclos de vida: nascimento, casamento, entrada para a adolescência, para a vida adulta, morte, para celebrar o plantio e a colheita, as estações do ano, os ciclos da lua, a alternância dia e noite (Ostetto, 2007).  Acredita-se que a dança foi a primeira forma de expressão artística desenvolvida pelos seres humanos, como possibilidade de recriar e compreender o fluxo da vida. Importante destacar os dizeres de Wosien (2000) a esse respeito: “A dança como expressão do homem movido pelo poder transcendente é assim a forma artística mais antiga; antes que o homem expressasse sua experiência da vida mediante os materiais, fá-lo com o corpo. O homem primitivo dança em qualquer ocasião: por alegria, por dor, por amor, por medo, ao amanhecer, na morte, no nascimento”.

As danças circulares foram reavivadas por Bernhard Wosien a partir de 1952, quando começou a pesquisar as rodas antigas da Europa Oriental, em busca da coleta e registro de diferentes danças e diferentes povos, pois o mesmo andava procurando uma prática corporal mais orgânica para expressar seus sentimentos.

As Danças Sagradas, Danças Circulares Sagradas ou Danças dos Povos, como também são denominadas, caracteriza-se por danças realizadas de mãos dadas, com passos que vão dos mais simples aos mais complexos, a partir de músicas étnicas, clássicas e new age. Dança-se de mãos dadas, cantam-se as raízes, o folclore, o regional e a oração dos diversos povos e culturas do planeta. Recupera e integra antigas formas de expressões de diferentes povos, acrescida de novas criações, coreografias e ritmos, que através da consciência de um centro comum favorece a integração, busca de autoconhecimento individual e grupal (Ostetto, 2009).

A dança é a atividade mais sincronizada que as pessoas podem realizar, trata-se de uma “manifestação cultural tão antiga quanto o homem, a dança socializa, ritualiza, comunica, expressa crenças, pensamentos, emoções por meio de sua linguagem silenciosa” (Ribeiro e Teixeira, 2008). Cada dança tem sua especificidade, umas são alegres, energizantes, outras meditativas, introspectivas. Cada uma com sua melodia, seu ritmo, seu simbolismo, gestos, poder, cada qual contribuindo com a transformação de estados emocionais e físicos de cada indivíduo.

Confira abaixo os 4 benefícios da Dança Circular:

  1. Beneficia o corpo: uma atividade motora que amplia as capacidades físicas: coordenação, agilidade, equilíbrio, ritmo, resistência aeróbica. Contribui na percepção viso-espacial e propriocepção, possibilitando uma ampliação no repertório de movimentos, fluídos, ritmados, agitados ou calmos; auxilia o indivíduo a tomar consciência de seu corpo, melhorando a capacidade de autoaceitação, autoimagem, possibilitando a reflexão de resultados e limitações;
  2. Beneficia o cérebro: melhora nos aspectos cognitivos, ampliando as redes neurais, contribuindo para a melhora do processo de aprendizagem e memória, atenção, concentração, a percepção na capacidade de julgamento e planejamento;

A dança circular, como uma atividade motora, ativa cascatas musculares e celulares que mantém a plasticidade do cérebro, a vascularização, a neurogênese (nascimento de novos neurônios) e mudanças funcionais na estrutura neuronal;

Aumento do fator BNDF (fator neurotrófico derivado do cérebro), molécula que aumenta a sobrevivência dos neurônios, potencializa a transmissão sináptica (impulsos nervosos entre os neurônios), aumenta a resistência do neurônio a danos, melhorando o desempenho cognitivo;

  1. Beneficia a consciência da cidadania: favorece a ampliação da consciência grupal sem perder a essência da individualidade. Os indivíduos tornam-se mais tolerantes com as diferenças e com isso aprende a incluir todos os indivíduos sem distinção ou hierarquia;
  2. Beneficia o espírito: Possibilita a conexão com uma linguagem simbólica, transcendental. Sabe aquela sensação de paz, alegria, leveza, serenidade? Pois é, nos conecta com o que de melhor está em nós, com a gratidão pela vida.

Todos podem dançar, pois a Dança Circular se oferece como um campo pedagógico altamente funcional, aspirado e aceito por todos, crianças, jovens, adultos, idosos, bailarinos, não bailarinos, com experiência, sem experiência, ela desperta o que de melhor há em cada um de nós, pois nos passos de cada dança, exercitamos a nossa caminhada na vida com mais presença, mais leveza, mais consciência.

 

Maristela Negri Marrano

 

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:

DUBNER, Deborah. Dançando a vida: jornada de aprendizagem nas rodas de Dança Circular Sagrada. Itu – SP: Ottoni Editora, 2014.

OSTETTO, Luciana E. Na jornada da formação do mestre-aprendiz. Pró-Posições, UNICAMP, Faculdade de Educação, Campinas-SP, v. 18, n.3 (54), p. 95-120, Set/Dez.2007.

____. Na dança e na educação: o círculo como princípio. Educação e Pesquisa, São Paulo, v. 35, n. 1, p. 165-176, jan/abr. 2009.

RIBEIRO, Monica M.; TEIXEIRA, Antônio L. Aprender uma coreografia: contribuições da Neurociências para a Dança. Neurociências Brasil, 2008.

WOSIEN, Bernhard. Dança, um caminho para a totalidade. Tradução: Maria Leonor Rodenbach, Raphael de Haro Junior. São Paulo: TRIOM, 2000.

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