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IDENTIDADE DA MULHER MADURA NA ATUALIDADE

IDENTIDADE DA MULHER MADURA NA ATUALIDADE

Sabe aquela tarde de domingo gostosa, garoa fina, friozinho, momento propício para minhas próprias reflexões acerca da passagem do tempo, da chegada da maturidade e das escolhas que priorizo. De repente, uma luz, oba vou rever o filme: “Do jeito que elas querem”. Um filme que nos instiga a refletir sobre a identidade da mulher madura da atualidade, claro, sabendo sim das inúmeras dificuldades que passam muitas mulheres nessa fase da vida, discriminações, preconceitos, mas nesse texto, tenho como objetivo, trazer reflexões para que possamos prosseguir com nossas escolhas mais conscientes, priorizando nossos próprios desejos.

O filme traz a história de quatro protagonistas mulheres, bem sucedidas e uma fiel amizade entre si. No decorrer do enredo, as protagonistas, mulheres acima de 60 anos, percebem a estagnação de suas vidas. Trata-se de uma narrativa sobre redescoberta pessoal. Não gira em torno de homem ou relacionamentos, vai muito além, em descobrir ou redescobrir plena liberdade de escolhas.

Já no finalzinho do filme, há um diálogo entre uma mãe e suas filhas, bastante interessante, que resgato aqui para ilustrar nossa reflexão: “Filha: -Mãe, você deve estar exausta! Você não ficou preocupada que na sua idade você dirigiu sozinha ate aqui? Mãe, você poderia ter matado alguém! Mãe: – eu acho que não é para tanto. Filha: – só o fato de não ficar preocupada já me deixa assustada mãe! Mãe: – Ah…meu Deus…Ah…por favor, parem tá bom! Estou falando sério. […] Eu ainda não desisti da vida. Tem coisas que eu quero explorar, eu tenho esse direito. […] a mãe de vocês está vivendo muito bem, eh, eu sei que estou ficando velha, mas eu ainda estou aprendendo, e uma das maiores lições que aprendi é não ter medo de ser feliz. Eu amo vocês, mas eu não vou ficar aqui.”

Num primeiro momento, as filhas, pensando em “proteger” a mãe, acabam reproduzindo o preconceito que ainda existe em nossa sociedade, “negando” à mãe a possibilidade e capacidade de dirigir sozinha, de ter autonomia de ir e vir, de fazer suas próprias escolhas. E a resposta da mãe, acaba representando a busca por essa nova identidade da mulher madura: não desisitir de viver a vida, estar sempre aprendendo, fazer suas próprias escolhas, não ter medo de ser feliz. É um alerta para todas nós.

Trabalho e tenho desenvolvido pesquisas com pessoas deste segmento etário, e tenho constatado que as mulheres nessa fase da vida, assim como as protagonistas do filme citado, estão empenhadas em criar novas possibilidades e significados para suas vidas como podemos constatar nos discursos de algumas de nossas alunas: “ser mulher nessa fase da vida, significa estar no auge da vida pessoal, significa viver em plena liberdade de escolhas, realizar nossos próprios desejos, nossos próprios sonhos,  sem amarras, sem nos importarmos com a idade e com a opinião dos outros, exercendo a capacidade de escolhermos o que é melhor para nós mesmas.”

Podemos observar, que tanto as protagonistas do filme, como nossas alunas, após uma vida sobrecarregada com a criação dos filhos, cuidados com a casa, marido, trabalho, descobriram agora que são donas de seu próprio tempo, não respondem mais as demandas e expectativas dos outros, agora sentem que conquistaram a liberdade de ir e vir, fazer e não fazer, de ser “elas mesmas”, com suas próprias escolhas, sendo protagonistas de suas vidas, valorizando mais suas próprias vontades, entendendo que as descobertas continuam, pois somos todos eternos aprendizes.

E você, cara leitora, é a protagonista de sua própria vida?

Até mais.

 

Maristela Negri

Pós-graduada em Neurociências aplicadas a Longevidade – UFRJ

Pós-graduada em Atividade Física e Qualidade de Vida – UNICAMP

Mestre em Educação Física – UNIMEP

Sócia-Diretora do Centro de Longevidade e Atualização de Piracicaba – CLAP

marismarrano@terra.com.br