Buda em sua infinita sabedoria nos deixou uma frase de grande ensinamento: “não resida no passado, não sonhe no futuro, concentre sua mente no momento presente” . Essa frase nos deixa claro que o grande problema de perturbação mental é não estar no momento presente, principalmente porque se não estamos no presente significa que não estamos conscientes e consequentemente, ficamos mais vulneráveis às nossas percepções.
O tempo todo nosso cérebro está trabalhando interpretando as informações que recebemos do meio externo (recebidas por nossos órgãos do sentido). No entanto, a interpretação dessas informações pode ser alterada pela nossa parte interna, pelo nosso sistema límbico que coordena nossas emoções. Ou seja, muitas vezes a realidade do evento é modificada pela nossa percepção, muitas vezes inconsciente (onde habitam nossos medos, traumas e inseguranças).
A nossa percepção de um evento, de uma pessoa, ou de um fato, segundo Yongey Rinpoche (2007) pode ser prejudicada em função de três aflições mentais ou “perturbadores”: ignorância, apego e aversão. A ignorância considerada por Cícero (45 a.C) “a maior enfermidade do gênero humano” está relacionada ao nosso desconhecimento, a nossa falta de informação em relação a um evento, uma pessoa ou coisa e, em função dessa nossa ignorância podemos errar em nosso julgamento. Voltando àquela frase inicial de Buda, entendemos que o perigo de sonhar com o futuro, ou sofrer por ele está justamente no fato de não conhecermos esse futuro, pois se ele não aconteceu ainda, é desconhecido, não sendo uma realidade. E é justamente esse um dos maiores sintomas da ansiedade: ficamos em alerta, nos “defendendo” de algo, ou de alguém que na verdade não estamos em contato real.
Outro aspecto citado na frase de Buda trata da questão do apego; uma vez que residir no passado é estar apegado a ele, é estar apegado a pensamentos, a acontecimentos que já tivemos, mas que na realidade já passaram. Muitas vezes ficamos presos a algumas crenças e lembranças porque imaginamos que elas nos protegem da mudança e/ou justificam nossas verdades. Dessa maneira, embora muitas vezes o fator de apego nos faça mal continuamos apegados a ele simplesmente porque ele nos dá a certeza de algo conhecido e com isso não nos permitimos enxergar o real, o presente.
E, a terceira aflição a aversão pode ser caracterizada por uma repulsa, ódio, rancor a uma determinada pessoa, a uma determinada situação e na grande maioria das vezes a aversão surge porque não nos permitimos refletir, avaliar uma pessoa ou uma situação com um sentimento de compaixão ou generosidade. Segundo Yongey Rinpoche (2007) “ cada forte apego gera um medo igualmente poderoso de não conseguirmos o que queremos ou de perdermos tudo o que já conseguimos”.
As aflições mentais fazem parte de nossa vida, principalmente porque somos seres humanos e somos dotados de emoção. No entanto, somos dotados também de algo que nos diferencia de todos os outros animais que é a capacidade de refletir e pensar e, é justamente quando usamos esse privilégio que podemos nos proteger mais das armadilhas colocadas por nossas emoções aprisionadas. São essas emoções passadas, ou futuras que nos impossibilitam de viver no presente, vendam nossos olhos para o real e fecham as portas para o novo.
Não por acaso, muitos pesquisadores entre eles Richard Davidson vem apontando o conceito do saborear (saborear o momento, saborear um abraço, uma música, uma comida) como uma das habilidades mais importantes para a felicidade. O saborear nos permite estar atento e consciente do presente.
Finalizo o texto de hoje com uma das minhas frases favoritas de Jung “ até você se tornar consciente, o inconsciente irá dirigir a sua vida e você vai chama-lo de destino”
O presente recebe esse nome porque é uma dádiva, viva-o!!!!!
Até a próxima,
Namastê!!!
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