Imagine que uma ameaça terrível paire por toda a humanidade e de repente, você começa a ter medo de sair de casa, medo de abraçar as pessoas que você ama e começa a ter medo do amanhã…. uma onda de sentimentos negativos e incertezas começam a tomar conta de você e, manter os bons pensamentos se torna quase impossível.
Pois bem, de acordo com Christophe André podemos separar as emoções em agradáveis (positivas) e desagradáveis (negativas) e segundo ele todas as emoções são necessárias e úteis, desde que não sejam duradouras tempo demais a ponto de nos fazer perder a noção de sua finalidade. Ou seja, essa insegurança, medo são necessários para nos fazer tomar certas atitudes de prevenção e proteção. No entanto, a partir do momento que eles nos impedem de viver a vida e nos alegrar com coisas pequenas e simples eles passam a nos perturbar e, de acordo com o próprio psiquiatra, começam a envenenar nossa vida e nos dominar.
O grande problema é que as emoções negativas nos desgastam física e psiquicamente, prejudicam nossa visão do mundo causando confusão, dificultam nossa concentração e podem nos impedir de raciocinar e tomar decisões, isso porque são vinculadas ao nosso ego, aos nossos traumas e medos inconscientes e, por isso muitas vezes nos apegamos e alimentamos esses sentimentos, nos tornando reféns dos mesmos.
Por esses motivos Dalai Lama afirma que as emoções negativas não precisam ser cultivadas para se desenvolverem, enquanto as positivas precisam sim ser exercitadas e cultivadas para fazerem parte de nossas vidas.
O que fazer então? Como parar sentimentos que fazem parte de nós? E como diminuir essas emoções que estão tão presentes em nossas vidas nessa pandemia?
A primeira coisa a fazer é reconhecer racionalmente a emoção, identificar as consequências e sensações que elas nos causam; isso depende de auto- conhecimento e consciência que podem ser potencializados com técnicas de meditação e interiorização e atitudes que nos tragam mais para o presente como contemplação do momento que de fato está vivendo (mente presente).
A partir disso, quando perceber que elas estão fazendo mal e não correspondem a realidade o melhor caminho, segundo o Christophe, é adotar “antídotos” que neutralizem essas emoções. Esses antídotos são nossas emoções positivas que podem ser estimuladas a surgir através de exercícios da gratidão (tire o negativo do foco, pensando em coisas, eventos e pessoas que você tem a agradecer); através da alegria consciente (lembre-se de momentos alegres e agradáveis que você tenha vivido, coloque ou cante uma música que voce goste, assista um filme ou vídeo engraçado, leia um livro, faça exercícios físicos…) e através da prática da espiritualidade (que nos possibilita entender e confiar no futuro, aceitando que existem coisas que não estão em nosso controle).
Enfim, estamos vivendo um momento estressante e constantemente somos bombardeados com notícias que nos fazem mal e podem ser gatilhos para emoções que nos prejudicam, reconhecer essas emoções e não nos fixarmos nelas depende de constante auto monitoramento, depende também de usar a razão para acessar emoções positivas. Claro que não é muito fácil, mas é possível, desde que estabeleçamos em nossa rotina atividades que nos ajudem a fortalecer nosso racional e nosso auto-conhecimento.
Hoje finalizo com uma frase de Eckhart Tolle “A mente é uma excelente ferramenta se for bem utilizada. Quando usurpada, no entanto, ela pode ser muito destrutiva.”
Até a próxima, namastë!!!
Os filmes muitas vezes tem essa missão de nos passar ensinamentos; depende do telespectador buscar as mensagens e tentar trazê-las para a realidade. Assisti ao filme “Extraordinário” (título perfeito, aliás) e me surpreendi com as muitas lições que ele nos traz.
Pois bem, o filme em questão conta a história de um menino que nasceu com uma deformidade e, que por muito tempo evita o convívio com a sociedade por ser diferente. Então chega o momento de ir para a escola e, inevitavelmente, enfrentar seus medos e as sombras dos outros; sim porque aqueles que expressam qualquer tipo de preconceito na verdade estão se revoltando contra suas próprias sombras (por hora fiquemos por aqui, pois esse assunto é extenso).
Continuando… alguns personagens mostram a importância de atitudes, por vezes simples, para a transformação de crenças e paradigmas que empobrecem uma sociedade. Nesse filme vemos o papel fundamental dos pais na orientação e no encorajamento dos filhos sem, no entanto, instigar o enfrentamento violento ou hostil.
Mostra também o papel de um professor comprometido em passar lições de vida, que por tantas vezes são muito mais necessárias que os assuntos previstos nas grades curriculares rígidas e “robotizantes”. Mais que isso, mostra o papel decisivo de um diretor que percebe as virtudes e as características mais nobres de cada aluno e as valoriza para fazer da escola um ambiente que agrega, que potencializa as capacidades de cada um. Sim as pessoas, felizmente, são diferentes e saber realçar essas diferenças pode significar um grande talento.
Mostra ainda que a gentileza e a compaixão são facilmente espalhados e contagiados, basta que uma pessoa corajosa enfrente e quebre o “costume padrão”. E numa parte muito educativa e verdadeira mostra uma situação que, infelizmente, vejo cada vez mais comum: o preconceito, o bullying é ensinado em casa, pelos pais porque a criança por si só não nasce discriminando, não nasce querendo humilhar, ela apenas reproduz o que ouve e vê.
Mas é do personagem principal o pequeno-grande menino que recebemos uma das maiores lições: ainda que as pessoas ao seu redor sejam medíocres, agressivas; ainda que sua vida não seja perfeita, veja o melhor lado de cada um, fortaleça-se na adversidade e distribua gentileza. As pessoas extraordinárias são aquelas que são fortes sem perder a docilidade, lideram sem oprimir e ensinam sem humilhar. Até a próxima,
Namastê!
Ms. Alessandra Cerri; sócia-diretora do centro de longevidade e atualização de Piracicaba (CLAP)
Ana Cintra conta que seu filho pequeno, com a curiosidade de quem ouviu uma nova palavra, mas ainda não entendeu seu significado, perguntou-lhe: – Mamãe, o que é velhice? Na fração de segundo antes da resposta, Ana fez uma verdadeira viagem ao passado. Lembrou-se dos momentos de luta, das dificuldades, das decepções. Sentiu todo o peso da idade e da responsabilidade em seus ombros. Tornou a olhar para o filho que, sorrindo, aguardava uma resposta. – Olhe para meu rosto, filho. Isto é a velhice. E imaginou o garoto vendo as rugas e a tristeza em seus olhos. Qual não foi sua surpresa quando, depois de alguns instantes, o menino
respondeu: – Mamãe! Como a velhice é bonita!
Junto à história de Ana Cintra, estava a música de Gonzaguinha “Feliz”:
“Viver, e não ter a vergonha de ser feliz […] a beleza de ser um eterno aprendiz […] eu sei que a vida podia ser bem melhor e será, mas isso não impede que eu repita é bonita, é bonita e é bonita”. Pois bem, os artistas nos revelam: A velhice é bonita. A vida é bonita. Portanto, envelhecer é belo, porque envelhecer é viver, viver é envelhecer, tanto que só pode envelhecer quem está vivo. Viver é construir história, trilhar caminhos possíveis, pois somos constantemente desafiados pela vida. A vida é dinâmica, um processo contínuo de modificações.
Pois bem, como encaramos essas modificações? Como encaramos nosso envelhecimento? Qual o significado que atribuímos ao processo de envelhecer? Será que envelhecer significa olhar-se no espelho e perceber nossos cabelos brancos, nossa pele enrugada? Relaciona-se a ideia de perdas, desuso, inutilidade, doenças? Ou envelhecer significa amadurecimento, acúmulo de experiências, sabedoria, tranquilidade, prazer em viver, com sonhos, desejos, projetos? E ainda, será que envelhecer está apenas nas oposições entre positivo e negativo, ganhos e perdas?
Trata-se de um fenômeno que faz parte do ciclo natural da vida, configurando-se, porém, como um processo complexo, heterogêneo, multifacetado, em que cada pessoa vivencia essa fase da vida de uma forma que envolve perdas e ganhos, encantos e desencantos, os quais são intensificados conforme fatores internos e externos, considerando sua história particular, a estrutura social e cultural onde o sujeito está inserido.
Envelhecer diz respeito à existência humana na complexidade das dimensões física, psicológica, social, econômica, histórica e cultural, desta forma, cada um de nós transmite um significado pessoal e particular deste fenômeno.
Trabalho e tenho desenvolvido pesquisas com pessoas deste segmento etário e constatei que estão rejeitando os estereótipos e preconceitos sobre a velhice. Estão empenhados em criar novas possibilidades e significados para o envelhecimento. Esta fase da vida tem sido vista como um período com potencial para o crescimento, um tempo para fazer planos e ir em busca de suas concretizações, um tempo para explorações pessoais, enfim, um tempo para viver e ser feliz, assim como reflete sabiamente a música de Almir Sater e Renato Teixeira, “Tocando em frente”: […]Penso que cumprir a vida seja simplesmente/compreender a marcha e ir tocando em frente/[…]cada um de nós compõe a sua história/e cada ser em si carrega o dom de ser capaz/e ser feliz […].
Durante nossa convivência com os idosos podemos perceber a vida presente, vivida com intensidade, com prazer. Corroborando com nossas experiências, resgatamos Marrano (2006) e Mirian Goldenberg (2014) ao nos relatarem as ideias mais importantes para conquistar uma velhice bonita.
Dicas para conquistar uma velhice bonita:
Sabemos das inúmeras dificuldades que passam muitos idosos, discriminações, preconceitos, muitos autores, como afirma Goldenberg (2014), já escreveram sobre isso. Portanto, tivemos como objetivo neste texto, resgatar caminhos para que possamos chegar à última fase da vida de uma maneira mais digna, mais feliz, como nos alerta Mirian Goldenberg “meu objetivo é descobrir os passos necessários para construir a minha própria bela velhice” e assim podermos compartilhar com todos, onde, na medida do possível, possamos viver saudáveis e felizes.
Maristela Negri Marrano
Bibliografia de apoio:
COELHO, Paulo; SOUZA, Maurício. O Gênio e as Rosas e outros contos. São Paulo: Globo, 2004.
GOLDENBERG, Mirian. A bela velhice. 4ª ed. – Rio de Janeiro: Record, 2014.
MARRANO, N.O. Maristela. Corporeidade Idosa: o significado do envelhecer no discurso dos idosos da comunidade tirolo-trentina. Piracicaba: UNIMEP, 2006.