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Arrependimento e culpa: nossas prisões “auto” impostas

Arrependimento e culpa: nossas prisões “auto” impostas

O que muitas vezes nos impede de ser feliz ou que perturba o funcionamento de nossa mente e nos faz adoecer são as prisões que nos impomos constantemente e, na grande maioria das vezes, nem percebemos o nível de nosso aprisionamento e sofrimento.

Um dos maiores causadores desse sofrível cárcere interior é o nosso próprio apego. De acordo com Matthieu Ricard, o apego a qualquer coisa, pessoa ou evento complica nossa vida. O apego está inclusive entre as aflições mentais que distorcem nossa percepção da realidade. Mais que isso, ele comenta que não são os fenômenos que nos escravizam, mas sim nosso apego e fixação neles.

Dentro desse contexto, o arrependimento e a culpa são duas grandes maneiras de nos apegarmos e, consequentemente nos colocarmos como reféns do sofrimento e do passado. Isso é tão perigoso que Alexandre Jollien comenta que o arrependimento paralisa e nos imobiliza no passado nos impedindo de viver o presente e de vivenciar emoções positivas.

De uma certa forma, eles são importantes pois o não sentir arrependimento, ou culpa é característica dos psicopatas e dos egoístas e pode ser associado com falta de empatia e percepção do outro. Assim sendo, esses dois sentimentos são importantes para nosso aprimoramento desde que eles não nos paralisem e não sejam motivo de uma ruminação alienante que nos desgasta e nos leva ao desânimo e desespero.

Para que esses sentimentos sejam úteis e benéficos eles precisam nos possibilitar alguns questionamentos, reavaliação pessoal e resoluções para o acerto da direção a ser tomada. Para isso, Christophe Andre comenta que algumas perguntas precisam ser feitas: esse sentimento ou pensamento me leva a uma resolução aplicável e possível?; me leva a enxergar as coisas com mais clareza?; Está me aliviando de alguma forma?

De acordo com Christophe, se as respostas a essas três perguntas forem não então estamos simplesmente ruminando e nos prejudicando. Nossa necessidade de controlar tudo dificulta nosso entendimento de uma das maiores leis da espiritualidade indiana: “aconteceu a única coisa que poderia ter acontecido”, segundo essa lei tudo acontece exatamente do jeito que tem que ser e, de alguma maneira tinha que fazer parte de nossa caminhada.

Ou seja, embora pareça um pouco simplista ou comodista existem coisas e fatos que simplesmente vão além de nossa compreensão; o que pode estar em nosso controle são as ações depois do problema: se existe solução então saia da sua zona de conforto e tome as atitudes necessárias para que ela aconteça, caso não exista, então siga em frente ciente da lição que o problema te passou para que ele não mais se repita.

Precisamos aceitar que somos seres errantes, precisamos nos perdoar no sentindo de nos libertar entendendo que o passado e o erros são fontes de ensinamentos para ações futuras. No entanto, vale a pena ressaltar que pessoas mais conscientes são pessoas com melhor auto gerenciamento e menos emocionalmente vulneráveis, o que significa que pensam mais antes de agir diminuindo muito os erros cometidos por impulso, ou seja, aquelas muitas ações impensadas, que por tantas vezes pode nos aprisionar.

Finalizo com uma frase do admirável Jung “Não há despertar de consciência sem dor” ou seja, é justamente no sofrimento que podem estar nossos maiores aprendizados para o crescimento, depende do nós aceitarmos a lição e seguir em frente ou ficarmos escravos dela e imobilizados.

Namastê e até a próxima!

 

 Ms. Alessandra Cerri;

sócia-diretora do centro de longevidade e     atualização de Piracicaba (CLAP); mestre em educação física, pós-  graduada em neurociência e pós-graduada em psicossomática.

A BELEZA DAS VELHAS ÁRVORES É DIFERENTE DA BELEZA DAS ÁRVORES JOVENS

A BELEZA DAS VELHAS ÁRVORES É DIFERENTE DA BELEZA DAS ÁRVORES JOVENS

 

DESCUBRA OS CAMINHOS PARA O ENTENDIMENTO DO SER QUE VIVE E CONSEQUENTEMENTE ENVELHECE.

Em 2001, Rubem Alves já dizia “Sessenta e oito anos! Nunca imaginei que isso iria me acontecer. Fiquei velho. Não é ruim. A velhice tem uma beleza que lhe é própria. A beleza das velhas árvores é diferente da beleza das árvores jovens. Triste é quando as velhas árvores, cegas para a sua própria beleza, começam a imitar a beleza das árvores jovens. Aí acontece o grotesco”.

Olavo Bilac também traz-nos esta reflexão em seu Poema: Velhas Árvores

Olha estas velhas árvores, mais belas

Do que as árvores novas, mais amigas:

Tanto mais belas quanto mais antigas,

Vencedoras da idade e das procelas…

O homem, a fera, e o inseto, à sombra delas

Vivem, livres de fomes e fadigas;

E em seus galhos abrigam-se as cantigas

E os amores das aves tagarelas.

Não choremos, amigo, a mocidade!

Envelheçamos rindo! envelheçamos

Como as árvores fortes envelhecem:

Na glória da alegria e da bondade,

Agasalhando os pássaros nos ramos,

Dando sombra e consolo aos que padecem!

Pois bem, chega um momento em nossas vidas que envelhecer se torna relevante, mais evidente, ou seja, torna-se mais perceptivo. O momento é diferente para cada um. Eu senti a passagem do tempo quando os amigos de meus filhos começaram a me chamar de Tia. Engraçado, os que têm a mesma idade que você ou mais, te chamam de você, os mais novos, de Senhora! A primeira vez que ouvi, achei estranho, soou diferente! Aí eu percebi, o tempo passou! Como nos diz Spidurso (2005, p. xi), “[…] a consciência pode ser repentina ou sutil, porém, em uma determinada idade, cada um de nós realmente compreende pela primeira vez que não somos imortais”.

Rubem Alves (2001, p.21) nos relata sua descoberta, “foi assim que eu me descobri velho, ao ver a minha imagem refletida no espelho dos olhos daquela moça”. A moça a que o autor se refere é a que lhe cedeu o lugar no assento do metrô. O mesmo nos relata o início de seu “caso de amor” com a velhice: “ Primeira premissa: eu sou velho, o gesto da moça do metrô o atesta. Segunda premissa: a velhice é a tarde imóvel, banhada por uma luz antiquíssima; a metáfora poética assim o declara. Terceira premissa: essa tarde imóvel me encanta, é bela. Conclusão: a velhice é bela como a tarde imóvel”.

Outro dia estava passeando com minha mãe e de repente reencontramos uma amiga que há muito ela não via, conversaram, relembraram da infância no sítio, falaram dos filhos, netos, e se despediram. Em seguida minha mãe falou: – Nossa como ela envelheceu! Neste instante respondi a minha mãe: – Será que ela não está pensando o mesmo em relação à Senhora? Minha mãe riu muito e disse: – Ah… é bem provável!

Será que nosso inconsciente ignora a velhice? A velhice está presente no outro e também somente a partir do olhar do outro, vemos que estamos velhos. Resgato os dizeres de Beauvoir (1990, p. 353) para nos auxiliar nesta reflexão: “É normal, uma vez que em nós é o outro que é velho, que a revelação de nossa idade venha dos outros. Não consentimos nisso de boa vontade. Uma pessoa fica sempre sobressaltada quando a chamam de velha pela primeira vez”.

O envelhecer é único para cada ser humano, um processo de transformação contínua em seu tempo vivido. Há diferenças na percepção, no ritmo, na duração e nos efeitos deste processo. Uns se preocupam mais do que os outros com as marcas corporais deixadas pelo tempo, como os cabelos brancos, rugas, flacidez muscular e muitos tem medo de que com a velhice venha a solidão, a dependência física, econômica e a morte. Minayo (2006) nos revela que estudos antropológicos com idosos brasileiros mostram que, mesmo sofrendo enfermidades e dependências, muitos idosos consideram-se saudáveis (percepção subjetiva) se ao lado de condições materiais de sobrevivência podem contar com redes de apoio social, com ênfase no afeto e na solidariedade familiar e social.

Bobbio (1991) e Neri (2001) nos ajudam a delinear os caminhos do Ser que vive e consequentemente envelhece, Ser este, que deverá desenvolver e adquirir as seguintes habilidades: De entender que a velhice não é uma cisão em relação à vida anterior e sim uma continuação da criança, da adolescência, da juventude, da maturidade que podem ter sido vividas de maneiras diferenciadas; Em ter conhecimento de si, reconhecendo que em nosso corpo envelhecido está à verdade de nossa existência, um processo contínuo de transformações, que supõe fenômenos biológicos, físicos, sociais, culturais, espirituais interdependentes. De ter consciência de seus desejos, metas, sentido de direção, abrir-se para o mundo, com sonhos, projetos, na perspectiva do querer, do seguir adiante buscando a autosuperação; E de ter a clareza que a velhice é uma realidade multifacetada, uma etapa de encantos e também desencantos.

A beleza transcende ao tempo, pois quando descobrimos que somos um todo indissociável, compreendemos que ser um ser humano idoso é apenas uma maneira de adquirir beleza.  Assim, Monteiro (2004, p. 8) nos revela: “Não precisamos pensar que ser jovem é ser bonito e ser velho é ser feio, pois a beleza está em nós porque somos seres com potencialidade irrestrita, somos instáveis e envelhecemos. Se não envelhecêssemos não teríamos nenhuma possibilidade. Como posso acreditar que o dia de amanhã será melhor do que o de hoje? Porque envelheço. Envelhecer é mudar, é ir além da forma de nós mesmos, buscando descobrir um melhor caminho de ser e de viver. Quando acreditamos nisso um novo horizonte se abre aos nossos olhos”.

Maristela Negri Marrano

A SABEDORIA ATRAVÉS DAS ÁGUAS DE UM RIO   

A SABEDORIA ATRAVÉS DAS ÁGUAS DE UM RIO   

Já parou para pensar o quanto a natureza nos ensina? Imagine que você está diante de um rio, observando a correnteza passar com suas águas em constante e ininterrupto movimento… agora pare para pensar em todo o ensinamento que está por trás disso.

O primeiro, está relacionado ao sentido das águas sempre para frente, as águas de um rio jamais voltam para trás, tudo o que o rio traz e fica pelo caminho serve para caracterizar e formar seu leito, mas independente disso as águas seguem sempre adiante. Assim deveria ser em nossa vida, devemos respeitar e reconhecer nosso passado, com nossos erros e acertos, como parte da nossa história mas não devemos nos apegar a ele. O passado só deve ser revisitado quando ele puder nos ajudar a melhorar o presente.

Um rio naturalmente se utiliza de três atitudes muito importantes que nós deveríamos ter. Segundo Deepak Chopra a rendição, a aceitação e o fluxo são fundamentais para tornar a vida menos estressante.

A rendição, embora seja erroneamente associada com derrota, está relacionada a abrir mão de apegos e desejos que nunca se realizarão e definir outras estratégias, outros caminhos (é transpor os obstáculos e, como o rio, continuar seguindo).

A aceitação envolve entender que a realidade nunca está errada, existe sempre um porquê que muitas vezes não entendemos e não conseguimos controlar. De acordo com umas das 4 leis da espiritualidade indiana o que aconteceu é exatamente o que deveria ter acontecido, não tem porque ficarmos nos desgastando e nos martirizando com os “se” (se eu tivesse chegado mais cedo, se eu tivesse falado outra coisa, se eu tivesse feito de outro jeito). O que nos faz evoluir não é ficar remoendo os “se”, o que nos ajuda é fazer diferente e melhor na próxima oportunidade.

E o fluxo é o deixar fluir, é o confiar e parar de querer controlar tudo e todos ao redor. Segundo Chopra uma das maiores fontes de desgaste e estresse são nossos esforços constantes de querer controlar todos os eventos, principalmente, porque muitas vezes queremos exercer esse controle baseado                       em crenças e certezas que nos apegamos ao longo de nossas vidas e que nem sempre estão corretas ou são verdadeiras.

O rio “define” seu trajeto, empenha-se em executar sua missão e chegar em seu destino mas ele segue sempre dinâmico aceitando e transpondo os obstáculos impostos pelo caminho e fluindo juntamente com a vida e com as mudanças que possam haver pelo caminho.

Finalizo o texto de hoje com uma frase de Augusto Cury “Lembre-se da sabedoria da água: ela nunca discute com um obstáculo, ela simplesmente o contorna”.  

Namastê, até a próxima!

 

Ms. Alessandra Cerri; sócia-diretora do centro de longevidade e atualização de Piracicaba (CLAP); mestre em educação física, pós-graduada em neurociência e pós-graduada em psicossomática.

O DESPERTAR

O DESPERTAR:

Um itinerário que privilegia a escuta da alma e a conexão com Deus.

Estava sentada em meu quintal, refrescando o meu corpo e apreciando o anoitecer, e este momento me levou para os dias de minha infância.  Quando pequena, morando na fazenda do meu avô materno, adorava o anoitecer, pois me deparava com várias luzinhas esverdeadas, e feliz da vida, dizia: “olha, os vagalumes!”

Eu e meus primos, corríamos atrás desses insetos iluminados dizendo: “vagalume vem, vem, seu pai tá aqui sua mãe também”. Com certeza, de alguma forma, muitos resgatarão de suas memórias cenas parecidas. Gostávamos de pegá-los e segurá-los em nossas mãos fechadas, para ver a luzinha passar entre os nossos dedos. Às vezes as luzinhas se apagavam, pois os vagalumes estavam “presos”, queriam o voo e a luz novamente.

Um dia minha mãe falou: “olha quantos vagalumes estão voando, iluminando a estrada de terra, iluminando a escuridão, pois estão livres, a natureza deles é voar e iluminar, eles não gostam de ficar presos. Fiquei por um bom tempo com essa frase ressoando em minha cabeça e nunca mais peguei um vagalume, aprendi apreciar o seu voo iluminado.

Ao fazer uma avaliação desses seis meses de isolamento social, senti-me como os vagalumes, estávamos em nossos voos iluminados, de repente, ficamos “presos”, as luzinhas passavam por algumas frestas, algumas luzes se apagaram. Ainda não sabemos exatamente o que irá acontecer. Sem dúvida, estamos vivendo um dia de cada vez, creio que mais conscientes, mais presentes em cada detalhe do nosso dia.

Em meio a essa realidade, resolvi resgatar meu voo iluminado, mas é claro, com os devidos cuidados, segundo os protocolos de segurança da Covid 19. Passei por Cunha-SP, Paraty e Trindade-RJ, sem dúvida, um convite ao deleite, um itinerário que privilegia a escuta da alma e a conexão com Deus.

Em um de seus textos, Martha Medeiros nos traz uma reflexão sobre “Quando Deus aparece” e nos diz: “Não sendo visível aos olhos, ele dá preferência à sensibilidade como via de acesso a nós. […] valorizo essas aparições como fossem a chegada de uma visita ilustre, que me dá sossego `a alma.” Ela prossegue com a pergunta: “Quando Deus aparece para você?”

Parei um instante e comecei a refletir, Deus aparece sempre no sorriso dos meus filhos, no olhar do meu marido, no encontro com minha mãe, com meus familiares, no café da tarde com minhas amigas, nas aulas com minhas alunas. Ele aparece nos livros, nas poesias, nas músicas. Deus está sempre presente, encontrei-o no lavandário em Cunha, ao perceber o perfume das lavandas no ar, ao descansar meus olhos no horizonte.

Em Trindade, tive um bate papo longo com Deus, entre o barulho do vai e vem das ondas, ao descansar e repousar o meu olhar e todo o meu corpo no horizonte azul que desponta a minha frente, unindo o céu e o mar, minha mente desperta e eu me deparo com a imensidão, com a grandeza do universo que nos acolhe, com as infinitas possibilidades, um momento de transcendência do ser, da compreensão que fazemos parte de um todo, uma rede de conexão que nos conecta a tudo e a todos. Estar junto a natureza e apreciar a sua beleza, faz com que a gente se sinta conectada com nossa essência, conectada com Deus. Já dizia Helena Kolody: “Rezam meus olhos quando contemplo a beleza. A beleza é a sombra de Deus no mundo.”

Rubem Alves tem a mesma opinião: “Deus nunca foi visto por ninguém. Ele se mostra na experiência da beleza.”  O mesmo prossegue: “Deus é como o vento. Sentimos na pele quando ele passa, ouvimos a sua música nas folhas das árvores e o seu assobio nas gretas das portas. […] Deus é como um pássaro encantado que nunca se vê. Só se ouve o seu canto.” Quer ver, ouvir e sentir o cheiro de Deus? Veja a beleza do pôr do sol, entregue-se a beleza da música, respire fundo o cheiro do jasmim.

Deus também aparece no choro, na fragilidade, na vulnerabilidade, quando estamos com medo, inseguros, transformando cada dia num generoso campo de amor, compaixão, aprendizado, evolução, para que possamos expandir a possibilidade de ampliar e mudar nossas perspectivas e resgatar nossas possibilidades e desafios diante a vida.

A meditação, a oração, consistem em reservar um tempo para estarmos a sós com Deus, um tempo para apreciar a beleza, um tempo de escuta silenciosa, para unirmos o nosso coração ao coração do criador.

Finalizo o texto de hoje com a pergunta inicial, e para você, caro leitor, quando Deus aparece?

Namastê.

 

Maristela Negri

Pós-graduada em Neurociências aplicadas a Longevidade – UFRJ

Mestre em Educação Física – UNIMEP

Sócia-Diretora do Centro de Longevidade e Atualização de Piracicaba – CLAP

Autora do livro: a rosa selvagem não é uma miragem

marismarrano@terra.com.br

 

A EVOLUÇÃO ATRAVÉS DA ESCUTA

A EVOLUÇÃO ATRAVÉS DA ESCUTA

Se observarmos a natureza atentamente, veremos que ela é perfeita em todos os detalhes; nós que muitas vezes não nos damos conta disso ou não compreendemos os ensinamentos que ela nos passa.

Veja por exemplo, nossa anatomia: somos feitos com uma boca, dois olhos e dois ouvidos, com certeza porque deveríamos usar mais nossa habilidade de observar e escutar do que a de falar, no entanto, ignoramos (aqui me incluo também) essa perfeição da natureza e falamos muito mais do que observamos e escutamos. Raras são as pessoas que exercem a verdadeira escuta, a escuta presente.

De acordo com Matthieu Ricard, essa verdadeira escuta é uma doação que fazemos ao outro à medida que envolve paciência e um sincero interesse do ouvinte pelo seu interlocutor.  O ouvir muitas vezes se torna difícil porque, enquanto seres humanos, achamos que devemos julgar e opinar à cerca de todas as coisas e muitas vezes uma simples conversa pode se transformar numa disputa para ver quem domina a verdade (verdade essa que na grande maioria das vezes depende do ponto de vista de cada um).

O psiquiatra Christophe André menciona em seu livro que para ser um bom ouvinte precisamos desfazer de parte de nós mesmos a partir do momento que temos que desfazer ou perder os nossos medos: medo de não saber o que dizer, medo de não ter respostas, medo das nossas crenças e certezas serem vencidas.

Ainda dentro desse contexto, ele comenta que a boa escuta depende, antes de qualquer coisa, de humildade. Além disso, ele cita que o bom ouvinte precisa ter algumas características fundamentais: o respeito pela palavra alheia; o deixar vir e a capacidade de se deixar tocar.

Respeitar a palavra alheia envolve o não julgar; envolve não aceitar as ideias pré-estabelecidas ou rótulos que temos quando estamos ouvindo relatos e, que nos faz inclusive antecipar e interromper as falas de quem deveríamos ouvir.

O deixar vir implica em simplesmente ouvir deixando o fluxo livre dos relatos, implica em abrir mão de querer controlar ou dominar a conversa. Implica também em não querer se colocar em lugar de destaque ou chamar a atenção para si.

Quando deixamos a escuta livre naturalmente nos deixamos ser tocados por ela e, consequentemente, aumentamos nossa empatia e compaixão habilidades importantes para equilibrar nosso ego e ajudar em nossa evolução. Por essa razão pessoas muito ansiosas (que ficam ruminando seus medos e inseguranças) e pessoas narcisistas tem dificuldade em             escutar.

A prática da boa escuta exige treino e vigilância constante, depende de calar e não se deixar influenciar pela nossa radio interna que funciona ativamente, uma vez que a natureza de nossa mente é ser inquieta. Assim sendo, uma das coisas mais importantes para ser um bom ouvinte é exercitar o silêncio, algo que muitas vezes nos assusta justamente porque pode mostrar nossos medos e vulnerabilidades.

Sendo assim, treinar o silencio, praticar técnicas de respiração nos ajuda a diminuir a ansiedade e nos ajuda a entender nossos sentimentos e perceber nossas inquietações, diminuindo assim nossa impulsividade e nossa fala compulsiva. Interessante citar que Pitágoras há 495 a.C. já dizia que a sabedoria começa no silêncio e por esse motivo, exigia que seus discípulos permanecessem longos períodos em silêncio, sendo apenas “ouvintes”.

Hoje finalizo com uma frase de Christophe Andre “A escuta é uma abordagem de humildade em que colocamos o outro antes de nós mesmos. Progredimos muito mais escutando do que falando

Até a próxima, namastê!

 

Ms. Alessandra Cerri;

Sócia-diretora do centro de longevidade e atualização de Piracicaba (CLAP); mestre em educação física, pós-graduada em neurociência e pós-graduada em psicossomática.

EMOÇÕES POSITIVAS FRENTE A PANDEMIA       

EMOÇÕES POSITIVAS FRENTE A PANDEMIA       

Imagine que uma ameaça terrível paire por toda a humanidade e de repente, você começa a ter medo de sair de casa, medo de abraçar as pessoas que você ama e começa a ter medo do amanhã…. uma onda de sentimentos negativos e incertezas começam a tomar conta de você e, manter os bons pensamentos se torna quase impossível.

Pois bem, de acordo com Christophe André podemos separar as emoções em agradáveis (positivas) e desagradáveis (negativas) e segundo ele todas as emoções são necessárias e úteis, desde que não sejam duradouras tempo demais a ponto de nos fazer perder a noção de sua finalidade. Ou seja, essa insegurança, medo são necessários para nos fazer tomar certas atitudes de prevenção e proteção. No entanto, a partir do momento que eles nos impedem de viver a vida e nos alegrar com coisas pequenas e simples eles passam a nos perturbar e, de acordo com o próprio psiquiatra, começam a envenenar nossa vida e nos dominar.

O grande problema é que as emoções negativas nos desgastam física e psiquicamente, prejudicam nossa visão do mundo causando confusão, dificultam nossa concentração e podem nos impedir de raciocinar e tomar decisões, isso porque são vinculadas ao nosso ego, aos nossos traumas e medos inconscientes e, por isso muitas vezes nos apegamos e alimentamos esses sentimentos, nos tornando reféns dos mesmos.

Por esses motivos Dalai Lama afirma que as emoções negativas não precisam ser cultivadas para se desenvolverem, enquanto as positivas precisam sim ser exercitadas e cultivadas para fazerem parte de nossas vidas.

O que fazer então? Como parar sentimentos que fazem parte de nós? E como diminuir essas emoções que estão tão presentes em nossas vidas nessa pandemia?

A primeira coisa a fazer é reconhecer racionalmente a emoção, identificar as consequências e sensações que elas nos causam; isso depende de auto-  conhecimento e consciência que podem ser potencializados com técnicas de meditação e interiorização e atitudes que nos tragam mais para o presente como contemplação do momento que de fato está vivendo (mente presente).

A partir disso, quando perceber que elas estão fazendo mal e não correspondem a realidade o melhor caminho, segundo o Christophe, é adotar “antídotos” que neutralizem essas emoções. Esses antídotos são nossas emoções positivas que podem ser estimuladas a surgir através de exercícios da gratidão (tire o negativo do foco, pensando em coisas, eventos e pessoas que você tem a agradecer); através da alegria consciente (lembre-se de momentos alegres e agradáveis que você tenha vivido, coloque ou cante uma música que voce goste, assista um filme ou vídeo engraçado, leia um livro, faça exercícios físicos…) e através da prática da espiritualidade (que nos possibilita entender e confiar no futuro, aceitando que existem coisas que não estão em nosso controle).

Enfim, estamos vivendo um momento estressante e constantemente somos bombardeados com notícias que nos fazem mal e podem ser gatilhos para emoções que nos prejudicam, reconhecer essas emoções e não nos fixarmos nelas depende de constante auto monitoramento, depende também de usar a razão para acessar emoções positivas. Claro que não é muito fácil, mas                  é possível, desde que estabeleçamos em nossa rotina atividades que nos ajudem a fortalecer nosso racional e nosso auto-conhecimento.

Hoje finalizo com uma frase de Eckhart Tolle “A mente é uma excelente ferramenta se for bem utilizada. Quando usurpada, no entanto, ela pode ser muito destrutiva.”

Até a próxima, namastë!!!

 

Ms. Alessandra Cerri;

sócia-diretora do centro de longevidade e atualização de Piracicaba (CLAP); mestre em educação física, pós-graduada em neurociência e pós-graduada em psicossomática.

NOSSA LIBERDADE À PROVA

NOSSA LIBERDADE À PROVA             

A pandemia nos colocou isolados em nossas próprias casas; de repente um vírus microscópico mudou toda nossa rotina e fez aflorar nossos maiores medos, despertou em nós uma grande insegurança em relação ao amanhã e nos fez entender que não somos tão soberanos e não temos controle sobre tudo como achávamos ou desejávamos.

A pandemia nos tirou também algo muito estimado e talvez até superestimado em alguns momentos: a liberdade; que por tantas vezes, erroneamente, é diretamente associado à felicidade. No entanto, o caos instaurado pela pandemia nos fez rever e entender alguns conceitos importantes e necessários ligados a ela e, talvez um dos mais significativos seja a compreensão de que a liberdade sem responsabilidade é perigosa e pode representar exatamente o seu oposto: nosso aprisionamento.

Embora a liberdade seja sim um aspecto de grande importância para a vida do ser humano, ela jamais pode ser dissociada de algumas questões como consequência, limites e consciência.

Christophe Andre, famoso psiquiatra, um dos pioneiros na introdução da meditação na psicoterapia e um dos autores do livro “O caminho da sabedoria”, comenta que 4 pilares são base para a construção da liberdade: equilíbrio interior, consciência do outro, aceitação das limitações e coragem.

O equilíbrio interior é fundamental à medida que possibilita a compreensão e regulação de nossas próprias emoções e impulsos. A consciência do outro é imprescindível para que entendamos que tudo o que faço no individual impacta e pode afetar a liberdade do outro (somos seres sociais e precisamos uns dos outros); a aceitação envolve uma espécie de submissão, humildade e espiritualidade para nos render a algumas limitações da vida ou regras instransponíveis e, o último pilar diz respeito a coragem  tão necessária para nos permitir dizer não ou para nos possibilitar enxergar erros e mudar trajetórias e decisões.

A liberdade sem esses pilares pode ser perigosa, egoísta podendo ser um risco para nós mesmos e para nossos semelhantes; pode ser também causadora de uma das maiores prisões que o ser humano pode vivenciar: a culpa, sentimento tão comum quando cedemos aos nossos impulsos e vontades sem considerar as consequências.

Essa pandemia mudou nossas vidas de várias formas, mas é inegável que ela nos provou de maneira irrefutável que a disciplina, o bom uso da liberdade consciente e respeitosa são aspectos chave para a proteção e evolução da humanidade.

Hoje finalizo com uma frase muito sábia do famoso filósofo francês Jean Paul Sartre “Viver é isso:  ficar se equilibrando o tempo todo entre escolhas e consequências”. Que saibamos usar nossa liberdade de maneira consciente e, que saibamos entender que o nosso direito vai até onde começa o do outro.

Até a próxima, namastê!

 

Ms. Alessandra Cerri;

sócia-diretora do centro de longevidade e atualização de Piracicaba (CLAP); mestre em educação física, pós-graduada em neurociência e pós-graduada em psicossomática.

A PANDEMIA E A NECESSIDADE DE RESGATAR NOSSA DEUSA HÉSTIA

A PANDEMIA E A NECESSIDADE DE RESGATAR NOSSA DEUSA HÉSTIA

A mitologia, considerada por muitos uma espécie de religião, estuda e influencia as questões humanas desde o século V a.C. Suas muitas histórias são significativas para o entendimento do comportamento humano e ainda se fazem muito presentes em nossas vidas, seja através dos inúmeros filmes baseados nos contos mitológicos, seja em nossas variadas expressões usadas cotidianamente ou ainda, através do estudo de nossa personalidade que certamente encontrará resquícios nessa sabedoria milenar.

Pois bem, dentro das histórias mitológicas, os grandes deuses e deusas passaram por muitas guerras e períodos de caos e, nesses momentos o comportamento e o enfrentamento de cada um dos personagens envolvidos pode nos servir de ensinamento e inspiração.

De acordo com a escritora Jean Bolen (1990), doutora em psiquiatria e grande estudiosa das deusas mitológicas, toda mulher pode receber a influência das muitas deusas e, em determinados momentos essa mulher pode priorizar as características de uma deusa específica para se fortalecer numa fase de maior dificuldade.

Assim sendo, nesse momento de caos, de pandemia um dos maiores desafios para a mulher (e para os homens também) é preservar sua saúde mental diante de tanta ansiedade, angústia e incertezas que marcam esse período. E dentro desse cenário, uma deusa, em especial, tem muito a nos ensinar…

Héstia (mitologia grega) ou Vesta (mitologia romana) conhecida como deusa do templo, ou da lareira (fogo) tem como sua principal característica o equilíbrio emocional e harmonia em função de sua grande capacidade de interiorização  mesmo diante do caos. Por isso, sua representação está na lareira que tem o poder de aquecer e iluminar um lar.

Hestia era filha primogênita dos grandes deuses Reia e Crono (deus do tempo). Seu pai Crono com medo de perder seu reinado e poder para algum filho decide engoli-los e nesse ataque ela foi a primeira a ser engolida e, segundo Bolen, a última a ser vomitada significando que ela teve que ficar um bom tempo convivendo consigo mesma, num ambiente inseguro e com um futuro desconhecido.

Sendo assim, Hestia é marcada por muita confiança (fé) e grande conscientização de si mesma. Isso implica em grande auto – conhecimento e de acordo com Kathelen Sears (2015) isso possibilita que ela seja uma pessoa serena que tem controle de seus impulsos não deixando que tumultos e conflitos externos a abalem.

Num momento como o que estamos vivendo de grande estresse e insegurança resgatar as características de Héstia é primordial para diminuir nossa vulnerabilidade emocional. Esse resgate da nossa Héstia envolve aumentar nossa consciência do agora, melhorar nossa capacidade de interiorização e espiritualidade. Essas habilidades podem ser desenvolvidas através de atividades que nos possibilitem estar no momento presente como meditação, atividades do lar como arrumação, decoração, cozinhar, jardinagem, dança, costura, bordado, oração etc

O caos que estamos vivendo vai passar, dias melhores virão, mas enquanto isso estejamos atentos a necessidade de nos proteger emocionalmente, de ´acender´ a nossa lareira interna para que possamos iluminar e confortar nossa própria casa, para que possamos esquentar nossa fé no amanhã.

Nunca o ser humano foi tão obrigado a pausar sua vida e olhar para dentro de si como agora e como já nos disse Jung “Quem olha para fora sonha, quem olha para dentro desperta”. Despertemos para a necessidade de mudanças tanto individuais como coletivas, não podemos sair de um momento histórico como esse do mesmo jeito que entramos.

Até a próxima, namastê!

 

Ms. Alessandra Cerri;

Sócia-diretora do centro de longevidade e atualização de Piracicaba (CLAP); mestre em educação física, pós-graduada em neurociência e pós-graduada em psicossomática.

NOSSO PERIGOSO “JEITINHO BRASILEIRO”

NOSSO PERIGOSO “JEITINHO BRASILEIRO”

Uma vez voltando de uma viagem internacional com muitas escalas presenciei algo que me envergonhou muito enquanto brasileira e me fez refletir sobre o famoso “jeitinho brasileiro”. Já tínhamos feito paradas em outros aeroportos com destino a outros países, mas quando fomos pegar o voo com destino ao Brasil ouvi os funcionários da companhia área tendo que pedir inúmeras vezes para que somente embarcassem os passageiros das fileiras chamadas, uma vez que os outros que não estavam sendo chamados já estavam se aglomerando desesperados para entrar na aeronave para acomodar suas bagagens de mão (que na maioria dos casos estava além do limite). Não tinha visto isso em nenhuma outra parada…em nenhum outro voo com destinos a outros países houve a necessidade de pedir para seguir uma ordem, isso sempre aconteceu de maneira natural. Então o que nos diferencia?

Refletindo sobre alguns comportamentos dos brasileiros em situações variadas podemos entender que o oportunismo é o grande problema nosso enquanto nação, o querer tirar vantagem é o que nos prejudica como um todo e, isso é refletido também em nossa política corrupta, que nada mais é do que um tirar vantagem “mais potencializado”. Esse oportunismo está presente quando  compramos, por exemplo, produtos com isenção de impostos justificando uma necessidade especial inexistente; está presente quando, no trânsito, ultrapassamos a frente de todos pela direita achando que a nossa pressa é mais prioritária que a dos outros que estão na fila. Está presente quando estacionamos em vagas prioritárias julgando que as mesmas não serão usadas naquele momento…

E, agora num momento de caos, onde as características das pessoas ficam mais evidenciadas percebemos que esse senso de oportunismo está fortemente presente em nosso país. Percebemos isso quando observamos alguns tentando não pagar suas contas justificando não estar usufruindo de um determinado serviço; vimos isso nos supermercados onde pessoas fazem compras gigantescas pensando em estocar produtos, constatamos isso ao observar o aumento nos preços de produtos  (principalmente nos relacionados à prevenção do covid 19) e, estamos comprovando isso no número absurdo de pessoas que estão se cadastrando (mesmo estando fora do critério estabelecido) para garantir um benefício oferecido pelo governo aos que realmente necessitam.

Iremos evoluir enquanto nação e enquanto indivíduo quando mudarmos nossa maneira de pensar as situações da vida. E o que faz a diferença nesse caso é a consciência e a gratidão. Quando tivermos consciência da necessidade de tais mudanças de comportamento daremos um grande e importante passo enquanto humanidade. Em vez de aproveitar para comprar um produto com desconto para portadores de necessidades especiais deveríamos agradecer pela saúde e pelo fato de não termos nenhuma limitação que justifique tal benefício; em vez de pararmos numa vaga prioritária deveríamos agradecer a possibilidade de andarmos até nosso destino; em vez de ultrapassarmos uma fila pela direita deveríamos pensar que não somos melhores que ninguém a ponto de não precisar ficar na fila como os outros; em vez de comprar e fazer estoques gigantescos deveríamos pensar que se todos comprarem com consciência terá para todos; em vez de usufruirmos sem necessidade dos benefícios oferecido pelo governo devemos pensar que existem pessoas que estão realmente em situação de necessidade extrema.

A consciência de si mesmo, do outro e do nosso papel dentro da coletividade não é fácil, exige de nós constantes reflexões e auto crítica, mas ela é necessária para que possamos evoluir enquanto país, para que possamos exigir isso de nossos representantes. Somos um povo maravilhoso, trabalhador, temos um potencial enorme enquanto nação, mas precisamos refletir sobre o nosso jeitinho brasileiro, sobre esse jeitinho individualista que muita vezes nos corrompe. Façamos com que esse jeitinho brasileiro seja reconhecido pela nossa alegria, pelo nossa força, pela nossa ciência e pelas nossas belezas e riquezas e não pela maneira como driblamos as leis e o próximo.

Hoje finalizo com uma frase maravilhosa de Mahatma Gandhi que explica muito essa questão da consciência em todas as nossas ações; segundo ele o que prejudica uma nação são os “Sete pecados sociais; política sem princípios, riqueza sem trabalho, prazer sem consciência, conhecimento sem caráter, comércio sem moralidade, ciência sem humanidade e culto sem sacrifício”

Até a próxima, namastê!

 

Ms. Alessandra Cerri; sócia-diretora do centro de longevidade e atualização de Piracicaba (CLAP); mestre em educação física, pós-graduada em neurociência e pós-graduada em psicossomática.

SEUS PENSAMENTOS PODEM ENCURTAR SEUS TELÔMEROS

SEUS PENSAMENTOS PODEM ENCURTAR SEUS TELÔMEROS

Elizabeth Blackburn ganhou o prêmio Nobel em Fisiologia e Medicina em 2009 graças as suas importantes pesquisas e descobertas relacionadas aos telômeros e telomerase, que ainda hoje contribuem muito para a saúde da população.

Os telômeros são estruturas repetitivas de DNA que ficam nas extremidades dos cromossomos garantindo que a informação seja passada sem desgastar o material genético. De uma maneira simplista, os telômeros são pedaços duplicados de material genético que passam informação para proteger os cromossomos “verdadeiros”.

Assim sendo, quanto mais longos forem nossos telômeros mais saudáveis seremos. Blackburn juntamente com Elissa Epel desenvolveram pesquisas  para verificar o que prejudica e o que beneficia o crescimento dos telômeros e, consequentemente, impacta na produção de telomerase (a enzima que cria novos telômeros a partir da própria sequência bioquímica).

Entre as muitas descobertas (varias delas descritas no livro “O segredo está nos telômeros”) está a comprovação de que o estresse mental encurta os telômeros e mais que isso, elas mostraram que o estresse é diretamente influenciado pelos nossos pensamentos.

De acordo com as mencionadas pesquisadoras produzimos cerca de 65 mil pensamentos por dia e 90% desses pensamentos são repetições de pensamentos produzidos anteriormente. Ou seja, temos uma tendência muito grande de remoer e ficarmos presos a pensamentos e o pior, essa ruminação é ainda maior com pensamentos que nos fazem mal.

Essa ruminação é extremamente nociva pois, segundo as autoras quando se rumina um pensamento o estresse permanece em seu corpo (gerando toxinas) muito tempo depois de o motivo que causou o estresse ter encerrado. Ou seja, prolongamos a toxicidade resultante desses pensamentos.

Além da ruminação, outros hábitos mentais altamente prejudiciais aos nossos telômeros, de acordo com as autoras, são o pessimismo, o devaneio e, a hostilidade consigo mesmo. Esses comportamentos podem ser muito dolorosos e fontes diretas de estresse e, consequentemente, ansiedade e depressão.

Precisamos melhorar nossos padrões de pensamentos, precisamos nos proteger da vulnerabilidade emocional ocasionada pela falta de auto gestão. E Blackburn e Epel comentam que uma das formas mais eficientes de se fazer isso é através do pensamento resiliente.

O pensamento resiliente só é possível através da conscienciosidade, considerada hoje um dos traços de personalidade mais consistentes para a longevidade e felicidade. ‘

Estamos na grande maioria do tempo, alheios ao nosso presente, à mercê de nossos pensamentos e memórias negativas. Os pesquisadores Killingsworth e Gilbert descobriram que passamos metade do dia pensando em algo diferente do que estamos fazendo, inclusive, durante o sexo, conversa com amigos e exercícios. E isso é extremamente desgastante para o cérebro e para nosso nervo vago.

Além da conscienciosidade, outros fatores que ajudam o pensamento resiliente e, consequentemente, nossa saúde é aumentar e ter regularidade em atividades mente e corpo (atividades físicas elaboradas), auto compaixão (ser gentil consigo mesmo, valorizar suas qualidades e diminuir a culpa e o crítico interno) e acordar com alegria (pensar positivamente o dia e ser grato por mais um dia de possibilidades).

Nossos pensamentos têm grande força e impactam diretamente nossa saúde, vigiá-los e usá-los a nosso favor pode ser uma estratégia altamente benéfica para sua saúde e qualidade de vida.

Finalizo o texto de hoje com uma frase perfeita do sábio Buda “Nem teus piores inimigos podem fazer tanto dano quanto teus próprios pensamentos”

Até a próxima, namastê!

Ms. Alessandra Cerri;

sócia-diretora do centro de longevidade e atualização de Piracicaba (CLAP); mestre em educação física, pós-graduada em neurociência e pós-graduada em psicossomática.