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ANSIEDADE

ANSIEDADE:

ATÉ QUE PONTO ELA PODE TE BLOQUEAR? IMAGINE VOCÊ CONTROLANDO ESSE TURBILHÃO INTERNO

 

                                                 Seu coração parece sair pela boca, sua transpiração  incomoda de tão forte, a respiração está difícil, o trabalho precisa ser entregue daqui uma semana, mas a concentração na leitura e estudo está difícil; são tantas atividades iniciadas e não finalizadas; as ideias parecem não vir à mente…. Uma boa noite de sono será a solução, a mente estará mais criativa e a concentração melhor. Mas essa esperança é destruída pela longa noite passada em claro, buscando o sono jamais encontrado……

 

Você já se viu perdido em seus inúmeros pensamentos? Pensamentos que aparecem a qualquer momento, perturbando sua concentração, tirando seu sono? Pois é, iremos explicar um pouco desse turbilhão mental chamado ansiedade e, depois daremos algumas dicas de como controla-lo.

Inicialmente, ela é caracterizada como um sinal de alerta para sensibilizar o indivíduo dos perigos iminentes e prepará-lo para responder a esse perigo. A existência da ansiedade em si, em níveis normais, é benéfica para o organismo, pois nos serve como sinal de aviso.

No entanto, atualmente, esse sinal de aviso está tão acionado que passou a ser o perigo em si, caracterizando-se por um distúrbio negativo que tem tornado o ser humano incapaz de controlar seus sentimentos e, impossibilitando o de alcançar seus objetivos. Seu poder destrutivo é tão sério que ela é acompanhada de disfunção cognitiva (afetando sua capacidade de raciocínio, atenção e memória), comportamental (alterações de humor, alta irritabilidade) e hiperatividade fisiológica (alterações cardiorrespiratória) .

O transtorno de ansiedade generalizada (TAG) é caracterizado como uma preocupação perversa e invasiva e, é associada ao enfraquecimento do funcionamento diário do indivíduo gerando prejuízo na regulação da emoção em consequência da hiperatividade da amigdala, estrutura cerebral relacionada ao medo e emoções negativas. Outra característica é o aumento da frequência cardíaca, dificuldade respiratória e dificuldade para dormir.

A hiperatividade da amígdala pode prejudicar o trabalho do córtex pré-frontal que executa funções importantes como raciocínio, planejamento e está envolvido, ainda, com atividades importantes como atenção e concentração.

Como fazer com que a ansiedade não extrapole a ponto de te prejudicar e impedir de alcançar suas metas?

Algumas dicas são:

 1) Prática diária de meditação.

Estudos com meditação relacionaram sua prática com maior ativação de áreas pré-frontais, incluindo regiões ventro medial, melhora da conectividade amigdala e córtex pré-frontal que estão relacionadas à reatividade do sistema límbico (emocional).

Para se familiarizar com essa técnica inicie sentando-se, confortavelmente, e inspirando e expirando serenamente comece a prestar atenção ao seu ritmo cardíaco e a sua respiração; não julgue seus conteúdos mentais, mas toda vez que seus pensamentos vierem à tona gentilmente volte sua atenção para sua respiração e batimento cardíaco. Aos poucos aumente sua percepção e sinta sua circulação passando por todo seu corpo. Tente ficar nesse exercício pelo menos 5 minutos, no início, e depois gradativamente vá aumentando o tempo conforme vai se sentindo mais a vontade com o exercício. Lembre-se: isso é um treino mental e exige persistência e desafio das dificuldades; sim, no início não é fácil, mas vale a pena o esforço, acredite!

2) Prática de atividade física

Os benefícios da prática frequente de atividade física vão muito além de melhoras físicas. Existem vários estudos comprovando que a atividade física contribui significativamente para a melhora de componentes mentais como funções executivas, aumento da produção de serotonina, endorfina e acetilcolina, aumento a produção de fatores BDNFs (brain derived neurotrofic factor), fatores neurotróficos que sinalizam, aceleram e melhoram inúmeras funções cerebrais.

3) Estimulação de córtex pré frontal

Aumentar o trabalho do córtex pré frontal com atividades que não sejam relacionadas ao trabalho é fundamental para estimular a neuroplasticidade, e diminuir a incidência de pensamentos á deriva. Assim sendo, aumente sua leitura de lazer, faça exercícios cognitivos (caça palavras, sudoku, palavras cruzadas) e inicie uma atividade diferenciada como trabalhos manuais, aprendizado de uma nova língua etc

                                                     Alessandra Cerri

 

 

Bibliografia de apoio:

BOETTCHER, J.; ASTROM, V.; PAHLSSON, D.; SCHENSTROM, O.; ANDERSSON, G.; CARLBRING, P.  Internet based mindfulness treatment for anxiety disorders: a randomized controlled trial. Behavior Therapy. v. 45, p.241-253, 2014.

HOLZEL, B.; HOGE, E.; GREVE, D.; GARD, T,.; CRESWELL, D.; BROWN, K.; BARRETT, L.; SCHWARTZ, C.; VAITL, D.; LAZAR, S.  Neural mechanisms of symptom improvements in generalized anxiety disorder following mindfulness training.  Neuroimage: Clinical. V.2, p.448-458, 2013.

LEAHY, R.  Para vencer a ansiedade. Revista mende e cérebro, N.40, 2013.

ORME-JOHNSON, D.; BARNES, V.  Effects of transcendental meditation technique on trait anxiety: a meta-analysis of randomized controlled trials. The journal of alternative and complementary medicine. v.20, p.330-341, 2014.

ZOGNO, M.A.; VIANA, W.G.  A meditação dirigida: produtividade e qualidade de vida.  Revista cultura e extensão USP, v.3, 2012.

Um novo olhar

Um novo olhar:

A Vida é bela…a Velhice é bela. Dicas para conquistar uma velhice bonita.

 

Ana Cintra conta que seu filho pequeno, com a curiosidade de quem ouviu uma nova palavra, mas ainda não entendeu seu significado, perguntou-lhe: – Mamãe, o que é velhice? Na fração de segundo antes da resposta, Ana fez uma verdadeira viagem ao passado. Lembrou-se dos momentos de luta, das dificuldades, das decepções. Sentiu todo o peso da idade e da responsabilidade em seus ombros. Tornou a olhar para o filho que, sorrindo, aguardava uma resposta. – Olhe para meu rosto, filho. Isto é a velhice. E imaginou o garoto vendo as rugas e a tristeza em seus olhos. Qual não foi sua surpresa quando, depois de alguns instantes, o menino

respondeu: – Mamãe! Como a velhice é bonita!

Junto à história de Ana Cintra, estava a música de Gonzaguinha “Feliz”:

“Viver, e não ter a vergonha de ser feliz […] a beleza de ser um eterno aprendiz […] eu sei que a vida podia ser bem melhor e será, mas isso não impede que eu repita é bonita, é bonita e é bonita”. Pois bem, os artistas nos revelam: A velhice é bonita. A vida é bonita. Portanto, envelhecer é belo, porque envelhecer é viver, viver é envelhecer, tanto que só pode envelhecer quem está vivo. Viver é construir história, trilhar caminhos possíveis, pois somos constantemente desafiados pela vida. A vida é dinâmica, um processo contínuo de modificações.

Pois bem, como encaramos essas modificações? Como encaramos nosso envelhecimento? Qual o significado que atribuímos ao processo de envelhecer? Será que envelhecer significa olhar-se no espelho e perceber nossos cabelos brancos, nossa pele enrugada? Relaciona-se a ideia de perdas, desuso, inutilidade, doenças? Ou envelhecer significa amadurecimento, acúmulo de experiências, sabedoria, tranquilidade, prazer em viver, com sonhos, desejos, projetos? E ainda, será que envelhecer está apenas nas oposições entre positivo e negativo, ganhos e perdas?

Trata-se de um fenômeno que faz parte do ciclo natural da vida, configurando-se, porém, como um processo complexo, heterogêneo, multifacetado, em que cada pessoa vivencia essa fase da vida de uma forma que envolve perdas e ganhos, encantos e desencantos, os quais são intensificados conforme fatores internos e externos, considerando sua história particular, a estrutura social e cultural onde o sujeito está inserido.

Envelhecer diz respeito à existência humana na complexidade das dimensões física, psicológica, social, econômica, histórica e cultural, desta forma, cada um de nós transmite um significado pessoal e particular deste fenômeno.

Trabalho e tenho desenvolvido pesquisas com pessoas deste segmento etário e constatei que estão rejeitando os estereótipos e preconceitos sobre a velhice. Estão empenhados em criar novas possibilidades e significados para o envelhecimento. Esta fase da vida tem sido vista como um período com potencial para o crescimento, um tempo para fazer planos e ir em busca de suas concretizações, um tempo para explorações pessoais, enfim, um tempo para viver e ser feliz, assim como reflete sabiamente a música de Almir Sater e Renato Teixeira, “Tocando em frente”: […]Penso que cumprir a vida seja simplesmente/compreender a marcha e ir tocando em frente/[…]cada um de nós compõe a sua história/e cada ser em si carrega o dom de ser capaz/e ser feliz […].

Durante nossa convivência com os idosos podemos perceber a vida presente, vivida com intensidade, com prazer. Corroborando com nossas experiências, resgatamos Marrano (2006) e Mirian Goldenberg (2014) ao nos relatarem as ideias mais importantes para conquistar uma velhice bonita.

Dicas para conquistar uma velhice bonita:

  1. Ter um projeto de vida: um projeto para o bem viver, com metas, sentido de direção, o qual pode se determinado desde a infância e também pode ser construído nas diferentes fases da vida. Como quero viver e envelhecer? “Não importa o que a vida fez com você, mas sim o que você faz com o que a vida fez com você”.
  2. Buscar o significado da existência: as pessoas estão sempre à procura de um sentido para viver; próprio de cada indivíduo. Podemos encontrar esse significado de diversas maneiras, seja na família, no trabalho, no amor, na compaixão, na amizade e também na atitude que se tem nas adversidades da vida.
  3. Conquistar e valorizar a liberdade: Muitos idosos afirmam que conquistaram a liberdade de ir e vir, fazer e não fazer, e de ser “eles mesmos”, com suas próprias escolhas. Deixaram de se preocupar com a opinião dos outros e resgataram e valorizaram mais suas próprias vontades e desejos.
  4. Almejar a felicidade: para Sócrates o segredo da sua felicidade, estava no fato de ele próprio, por sua própria vontade, ter escolhido e criado a forma de vida que ele viveu. A felicidade está na possibilidade de ser criada, plenamente, por cada um de nós.
  5. Cultivar a amizade: amigas (os) são parte da “família escolhida”, não obrigatória. Podemos contar com as amigas (os) para dar risada, sair, conversar, nos ajudar, nos acolher.
  6. Viver o presente: viver o aqui e agora, com suas vontades, desejos, escolhas, priorizando a saúde, o bem-estar, os pequenos prazeres. Usar o tempo presente por escolha e não mais por obrigação.
  7. Aprender a dizer não: o não é a palavra que representa a recusa em assumir os papéis impostos pela sociedade. Dizer não é um processo contínuo de escolhas e libertação.
  8. Superar os medos: o medo da velhice, da doença, da dependência, da morte. Entender que envelhecer e morrer constituem o processo natural da vida. É preciso que tenhamos consciência, vontade, disciplina para que façamos escolhas ao longo da vida que contribuam para se viver da melhor maneira possível.
  9. Aceitar a própria idade e as transformações corporais: Entender e aceitar os processos de transformações corporais, sociais, afetivas, cognitivas e compreender que a passagem do tempo trás consigo, perdas e ganhos, encantos e desencantos. Diante esse fato, procurar equilibrar nossas potencialidades e nossas limitações, em diferentes graus de eficácia, nessa fase da vida.

Sabemos das inúmeras dificuldades que passam muitos idosos, discriminações, preconceitos, muitos autores, como afirma Goldenberg (2014), já escreveram sobre isso. Portanto, tivemos como objetivo neste texto, resgatar caminhos para que possamos chegar à última fase da vida de uma maneira mais digna, mais feliz, como nos alerta Mirian Goldenberg “meu objetivo é descobrir os passos necessários para construir a minha própria bela velhice” e assim podermos compartilhar com todos, onde, na medida do possível, possamos viver saudáveis e felizes.

 

Maristela Negri Marrano

 

Bibliografia de apoio:

COELHO, Paulo; SOUZA, Maurício. O Gênio e as Rosas e outros contos. São Paulo: Globo, 2004.

GOLDENBERG, Mirian. A bela velhice. 4ª ed. – Rio de Janeiro: Record, 2014.

MARRANO, N.O. Maristela. Corporeidade Idosa: o significado do envelhecer no discurso dos idosos da comunidade tirolo-trentina. Piracicaba: UNIMEP, 2006.