Arquivos por ano 2018

O QUE NÓS MULHERES QUEREMOS? CONTINUAR NOSSA JORNADA NAS PROFUNDIDADES TRANQUILAS?

Cheguei aos 50, filhos estudando fora, marido trabalhando em outra cidade, de repente me vi só! Senti um vazio, um silêncio! Num primeiro momento não consegui identificar se era bom ou ruim, ou melhor, talvez não precise ser isto ou aquilo! Apenas lembrei-me de Johannes Scotus Erigena ao citar o desabafo de uma bailarina quando diz: certa vez quando caí num momento crítico de um espetáculo, não tive tempo, embora humilhada e chocada, para um comportamento de auto piedade. A única pergunta relevante a fazer é: o que vem em seguida? E assim, seguir em frente!!

Pois bem, a vida continua, como um rio que flui, resgato aqui Manuel Bandeira, para ilustrar nossa reflexão:

Ser como o rio que flui
Silencioso dentro da noite.
Não temer as trevas da noite.
Se há estrelas nos céus, refleti-las.
E se os céus se pejam de nuvens,
Como o rio as nuvens são água,
Refleti-las também sem mágoa
Nas profundidades tranquilas.

 

            Continuar nossa jornada, “nas profundidades tranquilas”, sem medos, altivas, com sonhos, desejos, anseios. Afinal, o que nós mulheres queremos? Somos singulares, cada qual com sua própria história de vida, suas experiências, sua realidade, portanto, cada qual buscando ressignificar sua vida, da melhor maneira possível. Diante essa singularidade, o que queremos daqui à 1 hora, daqui a 5 minutos, o que queremos agora? De imediato podemos responder ser feliz. Hum, e o que será que nos faz felizes?

            Miriam Goldemberg, antropóloga, Professora da UFRJ e pesquisadora sobre gênero e corpo, deu a seguinte resposta a Revista Época ao ser indagada sobre quando é que a mulher de 50 anos é mais feliz?

  • Quando a mulher tem um projeto próprio que não começa aos 50, mas muito antes.
  • Quando percebe o envelhecimento como uma continuidade desse projeto e não como uma ruptura ou como um momento de mudanças.
  • Quando não aceita as classificações e os estigmas sociais e faz da própria vida uma permanente invenção.
  • Quando gosta do seu corpo com suas imperfeições e mudanças. Quando não tem preconceitos ou modelos muito rígidos de ser homem e ser mulher, ser velho e ser jovem.

            Diante essas reflexões, entendo neste momento que o autoconhecimento e a percepção sadia de que o tempo está passando, o corpo se transformando, é fundamental para se viver bem e ser feliz.  Fica claro que o caminhar dentro do processo do viver, e consequentemente do envelhecer, depende de nossa habilidade em ter conhecimento de si mesma, de estar pré-disposta a ir em direção ao outro e ao mundo, consciente de si, consciente de seus desejos, abrir-se para o mundo, com sonhos e projetos, na perspectiva do querer, do seguir adiante.

            Acrescento aqui as reflexões da pesquisadora Silene Okuma (2002, p.33), quando nos alerta que “as pessoas não tem corpo bonito, ou feio, gordo ou magro, hábil ou inábil, capaz ou incapaz, ativo ou passivo, doente ou saudável […]. As pessoas são o próprio corpo que expressa uma forma gradativamente construída para lidar com as exigências das experiências de vida. Essas formas têm significados, pois são as experiências da existência configurada no corpo”.

            Enfim, empoderadas da consciência de si, da passagem do tempo, das transformações corporais, transformações essas que representam a verdade da existência, do ninho vazio, tendo em mente que o que marca o ser humano são as relações dialéticas entre o seu corpo, sua alma e o mundo no qual se manifestam, a partir daí, ser criativas e refazer suas crenças, reescrevendo sua história na temporalidade, transformando o olhar, para ver o belo e aceitar as transformações que adquirimos com o tempo, aceitar as diferenças, aceitar que os filhos criam asas, aceitando que tudo faz parte da vida.

            Pois bem, como nos diz Gonzaguinha “Viver, e não ter a vergonha de ser feliz”. Vamos prosseguir, seguir viagem nesta vida, pois só assim descobriremos e compreenderemos que viver e envelhecer é apenas uma maneira de adquirir beleza, pois como como nos revela Paulo Monteiro (2004, p. 8): “a beleza está em nós porque somos seres com potencialidade irrestrita, somos instáveis e envelhecemos. Se não envelhecêssemos, não teríamos  nenhuma possibilidade. Como posso acreditar que o dia de amanhã será melhor do que o de hoje? Porque envelheço. Envelhecer é mudar, é ir além da forma de nós mesmos, buscando descobrir um melhor caminho de ser e de viver. Quando acreditamos nisso um novo horizonte se abre ao nossos olhos”.

 

Maristela Negri Marrano

 

 

REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA:

GOLDEMBERG, Miriam. Revista Época – www.revistaepoca.globo.com.br. Acesso, 17/08/2016.

OKUMA, Silene. O Idoso e a Atividade Física. Campinas, SP: Papirus, 2002.

MONTEIRO, Paulo. A Beleza do Envelhecer: caminhos possíveis. Revista Faculdade Paulista de Serviço Social, ano VI, n. 31, pp 6 -9, São Paulo, 2004.

SEUS PENSAMENTOS: suas rédeas


SEUS PENSAMENTOS: suas rédeas

Quantas vezes você já se viu pensando em algo que não queria e que te perturbava? Quantas vezes você ficou remoendo situações do passado ou antecipando acontecimentos futuros? Pois é, como bem disse Augusto Cury “produzir pensamentos não é um opção para o Homo sapiens, mas um processo inevitável”.

O grande problema é que muitas vezes não temos consciência do quanto esses pensamentos nos afetam e ficamos reféns das sensações desagradáveis e prejudiciais que eles nos geram e, quanto mais desejamos não pensar em certas coisas, adivinhe: mais pensaremos. Exatamente, o não para o cérebro funciona como uma espécie de reforço, ou seja, aqueles pensamentos que mais você quer fugir são, exatamente, os que te aprisionam.

A única maneira de se “bloquear” pensamentos é colocando outros mais elaborados e conscientes no lugar. Aqui ressalto a importância da palavra consciente, aspecto muito importante no gerenciamento de pensamentos. Pessoas mais conscientes são pessoas com melhor autogerenciamento, pois têm uma capacidade de perceber as emoções geradas pelos pensamentos e consequentemente reconhecer o que não faz bem e tomar atitudes que possibilitam a ressignificação desses pensamentos.

Tomada de atitude envolve o trabalho das funções executivas do cérebro executadas por uma de nossas áreas cerebrais mais nobres: nosso córtex pré frontal (CPF). Quanto mais eficiente for o trabalho dessa área mais seremos capazes de controlar nossos instintos e passamos a ser conscientes de nossas ações, ou seja, deixamos de funcionar no piloto automático.

 

Assim sendo, para administrar melhor seus pensamentos coloque sua função executiva em ação: reconheça seu pensamento, questione, critique e se identificar que eles te fazem mal, substitua-os. Exija também um alto funcionamento dessa área através da prática de exercícios de memória, raciocínio e exercícios físicos regulares, estimule seus cinco sentidos (tato, olfato, paladar, audição e visão) e pratique exercícios respiratórios e meditação.

Hoje finalizo com uma frase de Platão “O corpo humano é a carruagem. Eu, o homem que a conduz. O pensamento as rédeas. Os sentimentos, os cavalos.”

Que nós tenhamos consciência de nossos pensamentos para que nossos “cavalos” possam ser bem conduzidos e assim, nossa “carruagem” percorrerá os caminhos que nós desejarmos.

Namastê e até a próxima!!!

Ms. Alessandra Cerri; sócia-diretora do centro de longevidade e atualização de Piracicaba (CLAP) 

A FELICIDADE EM ALTO MAR

A FELICIDADE EM ALTO MAR : A importância das relações saudáveis

Felicidade

Qual o segredo da felicidade? Jean-Jacques Rousseau nos alerta: “todo homem quer ser feliz, mas para consegui-lo precisa antes compreender o que é a felicidade”.

Se pararmos para refletir, há tantas maneiras de alcançar a felicidade: constituir uma família, ter filhos, construir uma carreira, ajudar ao próximo, relembrar bons momentos, ter um estilo de vida saudável, ser independente, ter amigos, encontrar a serenidade, ter autoconhecimento, viver aventuras.

Falando em aventuras, quero aqui relatar uma experiência que tive num Cruzeiro com mulheres de 45 a 89 anos, muitas das quais aguardavam para embarcar em seu primeiro Cruzeiro, imbuídas de um sentimento de superação, de felicidade, de gratidão. Eu diria que todas estavam num estado de confiança na vida que nos permiti seguir adiante, ousar, rir, viver intensamente, saborear o presente, lidar com as adversidades em etapas, cultivar o bom humor e experenciar o novo da melhor forma possível.

Mulheres que inspiram uma determinação de quem não apenas fazem as coisas acontecerem, mas também sabem permitir que elas aconteçam em seu tempo certo. Mulheres unidas e reunidas, envolvidas em um diálogo animado e trazendo à tona a seguinte reflexão: “o que podemos fazer para sermos felizes e afastar situações que deterioram nossa saúde”? No mesmo instante, uma das mulheres respondeu: “olhem ao nosso redor, apreciem o belo, a imensidão do mar, o céu azul, a brisa que toca nossa face com suavidade, o por do sol, o sorriso estampado no rosto de cada uma de nós, a magia e cumplicidade da amizade feminina, estamos em alto mar, vamos aproveitar e agradecer a vida”!

Apesar da capacidade que temos de viver o presente e apreciar o belo, importante destacar as reflexões de Matthieu Ricard em seu livro: Felicidade: a prática do bem estar. Prossegue o mesmo: “a felicidade não pode ser limitar a algumas sensações agradáveis, a um intenso prazer, a uma erupção de alegria ou a um efêmero sentimento de serenidade, a um dia animado ou a um momento mágico que passa por nós no labirinto da existência.” O respectivo autor nos alerta que essas facetas não são suficientes para caracterizar a verdadeira felicidade, pois esta é a profunda sensação de florescer que surge em uma mente sadia. A felicidade para Matthieu Ricard é “um excelente estado de ser” é também, “uma maneira de interpretar o mundo, pois, se às vezes pode ser difícil transformá-lo, sempre é possível mudar a maneira de vê-lo”.

Várias pesquisas indicam que de fato, podemos reduzir a depressão e aumentar a felicidade, mudando de forma proposital os nossos padrões de pensamentos, algo que requer disciplina, persistência e atenção. A revista Veja de 14/02/2018, traz uma importante reflexão sobre a felicidade, e demonstra que a felicidade duradoura é possível sim. Cientistas vêm pesquisando a luz da neurociência e psicologia a influência da genética e do meio ambiente na felicidade das pessoas. A genética determina 50% da propensão do ser humano para ser feliz. Os 50% restantes vem de fatores externos. A pesquisadora Sonja Lyubomirsky, divide os 50% dos fatores externos da seguinte forma: 8% a 15% dependem de fatores sobre os quais não temos controle total, como o casamento, filhos, trabalho e dinheiro. Os demais fatores externos estão relacionados à FORMA COMO ENCARAMOS O QUE A VIDA NOS APRESENTA e o ambiente e tipos de experiências que buscamos.

Um fator em comum entre os indivíduos felizes, de acordo com a pesquisa da Universidade de Harvard, é a qualidade das relações sociais, sejam elas familiares, amorosas, ou de amizade. Portanto, podemos constatar que as mulheres presentes no Cruzeiro, como descrito no início do respectivo artigo, estão no caminho certo ao refletirem: “O SORRISO ESTAMPADO NO ROSTO DE CADA UMA DE NÓS, A MAGIA E CUMPLICIDADE DA AMIZADE FEMININA”. A palavra feminina está destacada aqui, porque no referido Cruzeiro, no diálogo citado, havia somente mulheres.

E você, caro leitor, qual o caminho que está trilhando para SER FELIZ?

Maristela Negri Marrano

Sócia Diretora do CLAP – Centro de Longevidade e Atualização de Piracicaba.

maristela@centroclap.com.br

FILMES QUE ENSINAM….            

FILMES QUE ENSINAM….      

Os filmes muitas vezes tem essa missão de nos passar ensinamentos; depende do telespectador buscar as mensagens e tentar trazê-las para a realidade. Assisti ao filme “Extraordinário” (título perfeito, aliás) e me surpreendi com as muitas lições que ele nos traz.

Pois bem, o filme em questão conta a história de um menino que nasceu com uma deformidade e, que por muito tempo evita o convívio com a sociedade por ser diferente. Então chega o momento de ir para a escola e, inevitavelmente, enfrentar seus medos e as sombras dos outros; sim porque aqueles que expressam qualquer tipo de preconceito na verdade estão se revoltando contra suas próprias sombras (por hora fiquemos por aqui, pois esse assunto é extenso).

Continuando… alguns personagens mostram a importância de atitudes, por vezes simples, para a transformação de crenças e paradigmas que empobrecem uma sociedade. Nesse filme vemos o papel fundamental dos pais na orientação e no encorajamento dos filhos sem, no entanto, instigar o enfrentamento violento ou hostil.

 

Mostra também o papel de um professor comprometido em passar lições de vida, que por tantas vezes são muito mais necessárias que os assuntos previstos nas grades curriculares rígidas e “robotizantes”. Mais que isso, mostra o papel decisivo de um diretor que percebe as virtudes e as características mais nobres de cada aluno e as valoriza para fazer da escola um ambiente que agrega, que potencializa as capacidades de cada um. Sim as pessoas, felizmente, são diferentes e saber realçar essas diferenças pode significar um grande talento.

Mostra ainda que a gentileza e a compaixão  são facilmente espalhados e contagiados, basta que uma pessoa corajosa enfrente e quebre o “costume padrão”. E numa parte muito educativa e verdadeira mostra uma situação que, infelizmente, vejo cada vez mais comum: o preconceito, o bullying é ensinado em casa, pelos pais porque a criança por si só não nasce discriminando, não nasce querendo humilhar, ela apenas reproduz o que ouve e vê.

Mas é do personagem principal o pequeno-grande menino que recebemos uma das maiores lições: ainda que as pessoas ao seu redor sejam medíocres, agressivas;  ainda que sua vida não seja perfeita, veja o melhor lado de cada um, fortaleça-se na adversidade e distribua gentileza. As pessoas extraordinárias são aquelas que são fortes sem perder a docilidade, lideram sem oprimir e ensinam sem humilhar.   Até a próxima,

Namastê!

Ms. Alessandra Cerri; sócia-diretora do centro de longevidade e atualização de Piracicaba (CLAP) 

 

ANSIEDADE

ANSIEDADE:

ATÉ QUE PONTO ELA PODE TE BLOQUEAR? IMAGINE VOCÊ CONTROLANDO ESSE TURBILHÃO INTERNO

 

                                                 Seu coração parece sair pela boca, sua transpiração  incomoda de tão forte, a respiração está difícil, o trabalho precisa ser entregue daqui uma semana, mas a concentração na leitura e estudo está difícil; são tantas atividades iniciadas e não finalizadas; as ideias parecem não vir à mente…. Uma boa noite de sono será a solução, a mente estará mais criativa e a concentração melhor. Mas essa esperança é destruída pela longa noite passada em claro, buscando o sono jamais encontrado……

 

Você já se viu perdido em seus inúmeros pensamentos? Pensamentos que aparecem a qualquer momento, perturbando sua concentração, tirando seu sono? Pois é, iremos explicar um pouco desse turbilhão mental chamado ansiedade e, depois daremos algumas dicas de como controla-lo.

Inicialmente, ela é caracterizada como um sinal de alerta para sensibilizar o indivíduo dos perigos iminentes e prepará-lo para responder a esse perigo. A existência da ansiedade em si, em níveis normais, é benéfica para o organismo, pois nos serve como sinal de aviso.

No entanto, atualmente, esse sinal de aviso está tão acionado que passou a ser o perigo em si, caracterizando-se por um distúrbio negativo que tem tornado o ser humano incapaz de controlar seus sentimentos e, impossibilitando o de alcançar seus objetivos. Seu poder destrutivo é tão sério que ela é acompanhada de disfunção cognitiva (afetando sua capacidade de raciocínio, atenção e memória), comportamental (alterações de humor, alta irritabilidade) e hiperatividade fisiológica (alterações cardiorrespiratória) .

O transtorno de ansiedade generalizada (TAG) é caracterizado como uma preocupação perversa e invasiva e, é associada ao enfraquecimento do funcionamento diário do indivíduo gerando prejuízo na regulação da emoção em consequência da hiperatividade da amigdala, estrutura cerebral relacionada ao medo e emoções negativas. Outra característica é o aumento da frequência cardíaca, dificuldade respiratória e dificuldade para dormir.

A hiperatividade da amígdala pode prejudicar o trabalho do córtex pré-frontal que executa funções importantes como raciocínio, planejamento e está envolvido, ainda, com atividades importantes como atenção e concentração.

Como fazer com que a ansiedade não extrapole a ponto de te prejudicar e impedir de alcançar suas metas?

Algumas dicas são:

 1) Prática diária de meditação.

Estudos com meditação relacionaram sua prática com maior ativação de áreas pré-frontais, incluindo regiões ventro medial, melhora da conectividade amigdala e córtex pré-frontal que estão relacionadas à reatividade do sistema límbico (emocional).

Para se familiarizar com essa técnica inicie sentando-se, confortavelmente, e inspirando e expirando serenamente comece a prestar atenção ao seu ritmo cardíaco e a sua respiração; não julgue seus conteúdos mentais, mas toda vez que seus pensamentos vierem à tona gentilmente volte sua atenção para sua respiração e batimento cardíaco. Aos poucos aumente sua percepção e sinta sua circulação passando por todo seu corpo. Tente ficar nesse exercício pelo menos 5 minutos, no início, e depois gradativamente vá aumentando o tempo conforme vai se sentindo mais a vontade com o exercício. Lembre-se: isso é um treino mental e exige persistência e desafio das dificuldades; sim, no início não é fácil, mas vale a pena o esforço, acredite!

2) Prática de atividade física

Os benefícios da prática frequente de atividade física vão muito além de melhoras físicas. Existem vários estudos comprovando que a atividade física contribui significativamente para a melhora de componentes mentais como funções executivas, aumento da produção de serotonina, endorfina e acetilcolina, aumento a produção de fatores BDNFs (brain derived neurotrofic factor), fatores neurotróficos que sinalizam, aceleram e melhoram inúmeras funções cerebrais.

3) Estimulação de córtex pré frontal

Aumentar o trabalho do córtex pré frontal com atividades que não sejam relacionadas ao trabalho é fundamental para estimular a neuroplasticidade, e diminuir a incidência de pensamentos á deriva. Assim sendo, aumente sua leitura de lazer, faça exercícios cognitivos (caça palavras, sudoku, palavras cruzadas) e inicie uma atividade diferenciada como trabalhos manuais, aprendizado de uma nova língua etc

                                                     Alessandra Cerri

 

 

Bibliografia de apoio:

BOETTCHER, J.; ASTROM, V.; PAHLSSON, D.; SCHENSTROM, O.; ANDERSSON, G.; CARLBRING, P.  Internet based mindfulness treatment for anxiety disorders: a randomized controlled trial. Behavior Therapy. v. 45, p.241-253, 2014.

HOLZEL, B.; HOGE, E.; GREVE, D.; GARD, T,.; CRESWELL, D.; BROWN, K.; BARRETT, L.; SCHWARTZ, C.; VAITL, D.; LAZAR, S.  Neural mechanisms of symptom improvements in generalized anxiety disorder following mindfulness training.  Neuroimage: Clinical. V.2, p.448-458, 2013.

LEAHY, R.  Para vencer a ansiedade. Revista mende e cérebro, N.40, 2013.

ORME-JOHNSON, D.; BARNES, V.  Effects of transcendental meditation technique on trait anxiety: a meta-analysis of randomized controlled trials. The journal of alternative and complementary medicine. v.20, p.330-341, 2014.

ZOGNO, M.A.; VIANA, W.G.  A meditação dirigida: produtividade e qualidade de vida.  Revista cultura e extensão USP, v.3, 2012.

Um novo olhar

Um novo olhar:

A Vida é bela…a Velhice é bela. Dicas para conquistar uma velhice bonita.

 

Ana Cintra conta que seu filho pequeno, com a curiosidade de quem ouviu uma nova palavra, mas ainda não entendeu seu significado, perguntou-lhe: – Mamãe, o que é velhice? Na fração de segundo antes da resposta, Ana fez uma verdadeira viagem ao passado. Lembrou-se dos momentos de luta, das dificuldades, das decepções. Sentiu todo o peso da idade e da responsabilidade em seus ombros. Tornou a olhar para o filho que, sorrindo, aguardava uma resposta. – Olhe para meu rosto, filho. Isto é a velhice. E imaginou o garoto vendo as rugas e a tristeza em seus olhos. Qual não foi sua surpresa quando, depois de alguns instantes, o menino

respondeu: – Mamãe! Como a velhice é bonita!

Junto à história de Ana Cintra, estava a música de Gonzaguinha “Feliz”:

“Viver, e não ter a vergonha de ser feliz […] a beleza de ser um eterno aprendiz […] eu sei que a vida podia ser bem melhor e será, mas isso não impede que eu repita é bonita, é bonita e é bonita”. Pois bem, os artistas nos revelam: A velhice é bonita. A vida é bonita. Portanto, envelhecer é belo, porque envelhecer é viver, viver é envelhecer, tanto que só pode envelhecer quem está vivo. Viver é construir história, trilhar caminhos possíveis, pois somos constantemente desafiados pela vida. A vida é dinâmica, um processo contínuo de modificações.

Pois bem, como encaramos essas modificações? Como encaramos nosso envelhecimento? Qual o significado que atribuímos ao processo de envelhecer? Será que envelhecer significa olhar-se no espelho e perceber nossos cabelos brancos, nossa pele enrugada? Relaciona-se a ideia de perdas, desuso, inutilidade, doenças? Ou envelhecer significa amadurecimento, acúmulo de experiências, sabedoria, tranquilidade, prazer em viver, com sonhos, desejos, projetos? E ainda, será que envelhecer está apenas nas oposições entre positivo e negativo, ganhos e perdas?

Trata-se de um fenômeno que faz parte do ciclo natural da vida, configurando-se, porém, como um processo complexo, heterogêneo, multifacetado, em que cada pessoa vivencia essa fase da vida de uma forma que envolve perdas e ganhos, encantos e desencantos, os quais são intensificados conforme fatores internos e externos, considerando sua história particular, a estrutura social e cultural onde o sujeito está inserido.

Envelhecer diz respeito à existência humana na complexidade das dimensões física, psicológica, social, econômica, histórica e cultural, desta forma, cada um de nós transmite um significado pessoal e particular deste fenômeno.

Trabalho e tenho desenvolvido pesquisas com pessoas deste segmento etário e constatei que estão rejeitando os estereótipos e preconceitos sobre a velhice. Estão empenhados em criar novas possibilidades e significados para o envelhecimento. Esta fase da vida tem sido vista como um período com potencial para o crescimento, um tempo para fazer planos e ir em busca de suas concretizações, um tempo para explorações pessoais, enfim, um tempo para viver e ser feliz, assim como reflete sabiamente a música de Almir Sater e Renato Teixeira, “Tocando em frente”: […]Penso que cumprir a vida seja simplesmente/compreender a marcha e ir tocando em frente/[…]cada um de nós compõe a sua história/e cada ser em si carrega o dom de ser capaz/e ser feliz […].

Durante nossa convivência com os idosos podemos perceber a vida presente, vivida com intensidade, com prazer. Corroborando com nossas experiências, resgatamos Marrano (2006) e Mirian Goldenberg (2014) ao nos relatarem as ideias mais importantes para conquistar uma velhice bonita.

Dicas para conquistar uma velhice bonita:

  1. Ter um projeto de vida: um projeto para o bem viver, com metas, sentido de direção, o qual pode se determinado desde a infância e também pode ser construído nas diferentes fases da vida. Como quero viver e envelhecer? “Não importa o que a vida fez com você, mas sim o que você faz com o que a vida fez com você”.
  2. Buscar o significado da existência: as pessoas estão sempre à procura de um sentido para viver; próprio de cada indivíduo. Podemos encontrar esse significado de diversas maneiras, seja na família, no trabalho, no amor, na compaixão, na amizade e também na atitude que se tem nas adversidades da vida.
  3. Conquistar e valorizar a liberdade: Muitos idosos afirmam que conquistaram a liberdade de ir e vir, fazer e não fazer, e de ser “eles mesmos”, com suas próprias escolhas. Deixaram de se preocupar com a opinião dos outros e resgataram e valorizaram mais suas próprias vontades e desejos.
  4. Almejar a felicidade: para Sócrates o segredo da sua felicidade, estava no fato de ele próprio, por sua própria vontade, ter escolhido e criado a forma de vida que ele viveu. A felicidade está na possibilidade de ser criada, plenamente, por cada um de nós.
  5. Cultivar a amizade: amigas (os) são parte da “família escolhida”, não obrigatória. Podemos contar com as amigas (os) para dar risada, sair, conversar, nos ajudar, nos acolher.
  6. Viver o presente: viver o aqui e agora, com suas vontades, desejos, escolhas, priorizando a saúde, o bem-estar, os pequenos prazeres. Usar o tempo presente por escolha e não mais por obrigação.
  7. Aprender a dizer não: o não é a palavra que representa a recusa em assumir os papéis impostos pela sociedade. Dizer não é um processo contínuo de escolhas e libertação.
  8. Superar os medos: o medo da velhice, da doença, da dependência, da morte. Entender que envelhecer e morrer constituem o processo natural da vida. É preciso que tenhamos consciência, vontade, disciplina para que façamos escolhas ao longo da vida que contribuam para se viver da melhor maneira possível.
  9. Aceitar a própria idade e as transformações corporais: Entender e aceitar os processos de transformações corporais, sociais, afetivas, cognitivas e compreender que a passagem do tempo trás consigo, perdas e ganhos, encantos e desencantos. Diante esse fato, procurar equilibrar nossas potencialidades e nossas limitações, em diferentes graus de eficácia, nessa fase da vida.

Sabemos das inúmeras dificuldades que passam muitos idosos, discriminações, preconceitos, muitos autores, como afirma Goldenberg (2014), já escreveram sobre isso. Portanto, tivemos como objetivo neste texto, resgatar caminhos para que possamos chegar à última fase da vida de uma maneira mais digna, mais feliz, como nos alerta Mirian Goldenberg “meu objetivo é descobrir os passos necessários para construir a minha própria bela velhice” e assim podermos compartilhar com todos, onde, na medida do possível, possamos viver saudáveis e felizes.

 

Maristela Negri Marrano

 

Bibliografia de apoio:

COELHO, Paulo; SOUZA, Maurício. O Gênio e as Rosas e outros contos. São Paulo: Globo, 2004.

GOLDENBERG, Mirian. A bela velhice. 4ª ed. – Rio de Janeiro: Record, 2014.

MARRANO, N.O. Maristela. Corporeidade Idosa: o significado do envelhecer no discurso dos idosos da comunidade tirolo-trentina. Piracicaba: UNIMEP, 2006.