Arquivos por ano 2018

REVOLUÇÃO DA LONGEVIDADE

REVOLUÇÃO DA LONGEVIDADE    

O envelhecer não é mais como antes

Numa tarde de domingo, estava junto a minha mãe revendo o álbum  de fotos do casamento dela. Meus pais se casaram em 1964 e a foto de minha avó materna no álbum  chamou minha  atenção. Perguntei a minha mãe quantos anos minha avó tinha naquela época. E ela respondeu no auge de seus 87 anos: – “minha mãe tinha 62 anos quando me casei, e logo depois ela morreu.”  Levei um susto, pois na foto minha avó parecia ter muito mais.

A respectiva foto revelou que na década de 60, refiro-me a essa década por conta do ábum, as pessoas acima de 60 anos pareciam bem mais velhas. Hoje, uma pessoa de 60 anos, como dizem minhas (o) alunas (o), está na “flor da idade”. De 1940 a 2016 a expectativa de vida dos brasileiros ao nascer aumentou em mais de 30 anos e hoje, de acordo com o IBGE é de 76 anos.

Uma revolução ocorreu no último século, a revolução da longevidade, diz Alexandre Kalache, médico, especialista em envelhecimento e presidente da Aliança Global de Centros Internacionais de Longevidade. O envelhecer não é mais como era antes, pois os baby boomers, geração que nasceu no pós-guerra e que atualmente tem mais de 50 anos estão revolucionando a velhice. São pessoas com um maior nível de saúde e vitalidade, tem um padrão educacional mais alto do que seus pais e avós, tem voz ativa, são mais exigentes nas escolhas diárias, com os familiares e com os médicos. Muitas, de acordo com depoimentos de minhas (o) alunas (o), já vão ao consultório com pesquisas realizadas no “google” sobre determinados sintomas para “debater” com os médicos.

Muitos dos idosos dessa geração, aprenderam a dizer sim e também a dizer não, respeitando a própria vontade e priorizando o tempo para si mesmos, são pessoas que buscam ocupar suas vidas com inúmeras atividades, como educação, trabalho, atividades físicas, voluntariado, artesanato, bailes, viagens,  aprender uma nova língua, buscam atividades que desafiam a mente, pois acreditam que a longevidade está relacionada ao bem estar e ao estilo de vida que permita autonomia e independência, para ir e vir de acordo com suas próprias escolhas.

As pessoas desse segmento etário, chegaram numa fase em que com sabedoria e reflexão, conseguem abrir mão do que não é mais necessário, para seguirem adiante mais leves, mais conscientes de quem verdadeiramente são e qual caminho querem trilhar.  Querem viver com mais leveza e utilizar o tempo e energia com atividades e pessoas que enriqueçam o seu espírito e principalmente aproveitar o máximo o presente e os anos vindouros.

Sabemos que essa etapa da vida é multifacetada, heterogênea, não tive, como objetivo neste momento, tratar dos preconceitos, violências e discriminações sofridos ainda por muitos idosos, apesar de ter consciência dos inúmeros problemas relacionados ao envelhcimento, mas sim, reconhecer a possibilidade que temos em  trilhar um caminho possível de chegar à última fase da vida com autonomia, independência, mais plena e feliz.

 

Maristela Negri Marrano

Pós-graduada em Neurociências aplicadas a Longevidade – UFRJ

Mestre em Educação Física – UNIMEP

Sócia-Diretora do Centro de Longevidade e Atualização de Piracicaba – CLAP

maristela@centroclap.com.br

 

REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA:

 

KALACHE, Alexandre. Brasil vive revolução da longevidade. Revista Veja, 26/08/2018.

MOTIVAÇÃO NA VIDA

MOTIVAÇÃO NA VIDA

Quem não se lembra da impressionante cena da maratonista suíça Gabrielle Andersen aproximando-se da linha de chegada, no limite de suas forças, cambaleando nas olimpíadas de Los Angeles em 1984?? O que explica tamanha determinação? Até que ponto podemos nos motivar?

Agora, imagine-se motivado e focado em suas metas. Talvez não seja tão impossível como você imagina…..

Motivação, na definição da palavra encontrada nos dicionários é “Conjunto de fatores psicológicos (conscientes ou inconscientes) de ordem fisiológica, intelectual ou afetiva, que agem entre si e determinam a conduta de um indivíduo.”

Se avaliarmos atentamente a palavra, podemos encontrar uma dica importante: motivação, necessariamente, exige ação. A partir disso, podemos entender que motivação é um conjunto de fatores, uma força que determinará uma ação ou a conduta de uma pessoa.

 

Sendo assim, para que haja ação precisa haver uma “ordem” determinando que íons sódio atravessem a membrana de neurônios que dispararão novos comandos para as células envolvidas na ação em si.

Mas, inevitavelmente, aparecem as perguntas: que força é essa?  E como eu posso encontrar essa força para alcançar meus objetivos?

Para responder a essas perguntas é importante entendermos que essa ordem é enviada pelo lobo frontal; nossa área operacional, executiva de planejamento, raciocínio e de coordenação de movimentos. Por esse motivo, os movimentos voluntários ou nossas ações/metas precisam, antes de qualquer coisa, ser “pensados, idealizados”.

Em seu livro “A Magia”, Rhonda Byrne comenta que para alcançarmos nossas metas e sonhos precisamos escrevê-los, visualizá-los, agradecê-los e sentirmos as emoções do mesmo se realizando. Do aspecto cerebral, é exatamente isso; precisamos planejar, definir, racionalizar nossas metas e, assim exigir que nosso cérebro se organize para ordenar o comando que fará com que a ação aconteça (que íons sódio atravessem as membranas específicas e desencadeie a ação).

Porque então é tão difícil atingirmos certas metas e objetivos?

Para responder a essa pergunta precisamos ter consciência de que, a ação voluntária se origina no lobo frontal (conforme dito anteriormente). No entanto, essa área pode ter sua função perturbada quando estamos muito ansiosos, desfocados ou deprimidos.  E, talvez aqui esteja o maior problema: para se alcançar uma meta precisamos trazê-la para nosso racional, precisamos nos motivar. Uma das formas de se fazer isso é definir suas metas racionalmente e, acima de tudo estimular as funções executivas constantemente para que os impulsos e os fatores “desmotivadores” sejam controlados, diminuindo assim nossa vulnerabilidade e probabilidade de fracasso. Assim sendo, exija que seu cérebro seja ativado, constantemente, através de exercícios cognitivos (leitura, jogos de memorização e atenção, exercícios de raciocínio…) e exercícios físicos regulares. Além disso, permita-se ser positivo e perca as crenças negativas e o insistente “não sou capaz” que alimenta grande parte dos seres humanos. Acredite em você e reconheça sua força e qualidades.

Hoje finalizo com uma frase de Albert Einstein “a mente que se abre a uma nova ideia jamais voltará ao seu tamanho original”

Namastê e até a próxima!

Ms. Alessandra Cerri;

Sócia-diretora do centro de longevidade e atualização de Piracicaba (CLAP); mestre em educação física, pós-graduada em neurociência e pós-graduanda em psicossomática

A NATUREZA, O CÉREBRO E O PODER DA GRATIDÃO

A NATUREZA, O CÉREBRO E O PODER DA GRATIDÃO

Sabe aquele final de domingo, no silêncio, no banco do jardim, sentindo o perfume do Jasmim? Um momento para trazer a consciência para o momento presente, a vida que pulsa e movimenta, o cantarolar dos pássaros, o germinar das plantas, a natureza que nutre e nos alimenta de todas as formas.

 

O contato com a natureza tem o dom de acalmar, relaxar, esses sentimentos atuam na liberação da endorfina, trazendo essa sensação de leveza e tranquilidade, melhorando o humor, o que ameniza o estresse, a ansiedade e a depressão.

 

Imbuídos dessa leveza, sentimo-nos motivados a refletir sobre a nossa verdade e de repente o sol, reaparece, traz luz a nossa realidade, desperta nossa consciência, para que valorizemos os caminhos da vida, erros, acertos, um novo recomeço, recheado de infinitas possibilidades e a clareza da gratidão pela vida.

 

Neste momento, veio como inspiração, a aprendizagem, o poder da gratidão em nossas vidas, à possibilidade de mudar a nossa perspectiva, e através de escolhas conscientes abrir um canal para co-criarmos um universo de bons sentimentos, pensamentos e ações. Quando inundamos nossos pensamentos com sentimentos de gratidão, passamos a ativar nosso sistema de recompensa do cérebro, localizada numa área chamada Núcleo Accubens. Esse sistema é responsável pela sensação de bem estar e prazer do nosso cérebro. Quando nosso cérebro identifica que algo de bom aconteceu em nossas vidas e somos gratos por isso, ocorre a liberação do neurotransmissor dopamina, o qual aumenta a sensação de prazer. As pessoas que tem o hábito de manifestar gratidão vivem em níveis elevados de otimismo e vitalidade.

 

A exuberância da natureza desperta em nós o poder da gratidão, levando-nos ao encantamento diante da beleza e do mistério da vida. Alguém ou algo nos toca, como a natureza me tocou, e nos tornamos maravilhados, a alma resplandece, torna-se tomada pela ternura, pelo estado de graça.

 

A gratidão nos ensina a exercitar o amor, a compaixão, o olhar grato independente da situação que se apresenta. Distribuir sorrisos, olhares, abraços de conforto, solidariedade, de gratidão que nos permitem identificar o quão preciosa pode ser a composição do nosso dia a dia, basta nos tornarmos sensíveis e atentos para perceber como a vida oferece dádivas sem nos darmos conta.

 

É gratificante ser inundada por pessoas gratas em vez de vozes que reclamam o tempo todo! Agradecer é celebrar a vida. Para praticar a gratidão faz-se necessário uma decisão consciente, disposição e disciplina. Observe e amplie o olhar para cada detalhe de seu dia, sempre há algo para agradecer!

 

A todos que estão lendo nesse momento, peço que fechem por um instante os olhos e se conectem com algo que os faça se sentir profundamente gratos!

Gratidão a todos!

 

Maristela Negri Marrano

Pós-graduada em Neurociências aplicadas a Longevidade – UFRJ

Mestre em Educação Física – UNIMEP

Sócia-Diretora do Centro de Longevidade e Atualização de Piracicaba – CLAP

maristela@centroclap.com.br

Nossos retalhos, nossa história!           

Nossos retalhos, nossa história!   

Hoje uma pessoa muito, muito especial em minha vida (minha mãe) me enviou um poema lindíssimo de Cora Coralina: o poema “Sou feita de retalhos”.  Li o poema e como sempre acontece, me encantei com os escritos dessa mulher extraordinária. Cora Coralina me encanta por sua sabedoria mostrada de diferentes maneiras, seja através de seus poemas ou seja através de sua história de vida. Ela é a prova de tudo o que estudo e acredito: sempre é tempo de novos “começos” para quem acredita e se permite estar vivo.

Pois bem, voltando, mais especificamente, ao poema dos retalhos, mais uma vez a escrita sábia de Cora pode ser comprovada. Somos feitos de retalhos, retalhos que variam de tamanho, intensidade, textura mas, são esses retalhos que formam nossa história, são eles que mostram a maneira como tecemos nossa vida. Sim, somos nós, quem escolhemos as cores que queremos que predomine e os tipos de desenhos que ficarão estampados nesses pedaços de história.

Assim como uma colcha, não podemos simplesmente tirar os retalhos que não gostamos, pois eles farão falta, deixarão um buraco no todo, mas podemos sim colocar outros pedaços mais bonitos ao redor desses que nos desagradam e a isso damos o nome de resiliência, ou seja,  seguir em frente mesmo enfrentando obstáculos, problemas e rabiscos da vida. Aliás, é importante ressaltar aqui que quanto maior o potencial de resiliência maiores as probabilidades de um envelhecimento bem sucedido.

 

Nossos retalhos podem ainda ser emendados pelos retalhos de outras pessoas que contribuem para completar nossa colcha. Em alguns momentos da vida, desanimamos e diminuímos o ritmo, ou baixamos a qualidade de “confecção” dos retalhos e, nesses momentos, a família e os amigos são fundamentais para nos auxiliarem na continuidade dos nossos retalhos. Não é por acaso, que o cultivo de amizades e valorização da família são itens importantes na busca do tão sonhado envelhecimento bem sucedido, já citado acima.

Estamos diariamente confeccionando retalhos, algumas vezes não nos atentamos para isso e o fazemos de qualquer jeito, no piloto automático e claro corremos o risco de olharmos para o retalho feito e não nos encantarmos muito, por constatarmos nele a falta de cuidado e capricho. Por isso é importante lembrarmos constantemente que estamos aqui tecendo, construindo nossos retalhos e, quanto mais conscientes e atentos estivermos na escolha das “cores” e mensagens que iremos deixar maiores a chance de gostarmos do produto final que, aliás, não tem fim propriamente dito.

Nossa história é feita com nossos retalhos que imprimem nossos momentos, nossas escolhas, crenças e memórias então teça esses retalhos da melhor e mais cuidadosa maneira possível, esteja consciente da necessidade de escolher as cores (quanto mais cor e mais estampas mais alegre ficará seus retalhos), valorize mesmo os retalhos que você não se orgulha tanto (eles são melhores do que buraco e sustentam o todo) e permita que pessoas queridas e importantes auxiliem você na confecção desses retalhos quando o cansaço e o desanimo te atrapalharem. E o mais importante, se você está aqui é porque é capaz de tecer retalhos preciosos e pode ainda, auxiliar na construção dos retalhos de outras pessoas, ou seja você é parte importante na construção do todo.

Finalizo com um trecho desse belo poema de Cora Coralina “Sou feita de retalhos. Pedacinhos coloridos de cada vida que passa pela minha e que vou costurando na alma. Nem sempre bonitos, nem sempre felizes, mas me acrescentam e me fazem ser quem eu sou.

Namastê e até a próxima!!!!

Ms. Alessandra Cerri;

Sócia-diretora do centro de longevidade e atualização de Piracicaba (CLAP); mestre em educação física, pós-graduada em neurociência e pós-graduanda em psicossomática

Descubra os 4 benefícios da Dança Circular

Descubra os 4 benefícios da Dança Circular, uma jornada que une transformações físicas, cognitivas, sociais, emocionais e espirituais.

Na roda da vida: Danças Circulares como possibilidade para grandes transformações.


 

Uma grande amiga me relatou sobre a primeira vez que “entrou na roda”, dando seu primeiro passo ao som de uma música grega, sentindo um grande abraço no mais fundo da alma, ela olhou nos olhos das pessoas que estavam a sua frente e viu toda a grandeza da Dança Circular.

Deixou-se levar pelo tênue fio de música que a conduzia, sentindo a ancestralidade a flor da pele, conectando-se com todas as cores, raças, tempos e espaços, acessando outros níveis de consciência e percepção. Em outro momento ela continuou… a roda girou, girou e a levou para todas as rodas da vida, trazendo profundida e beleza, junto a um grande processo transformador. Deborah Dubner (2014),  relatou-nos que a “dualidade da vida se encontra também na Roda da Dança, no dar e receber, pedir e agradecer, abrir e recolher, ser aceito e aceitar, andar e parar, cantar e silenciar, seguir em frente e andar para trás, começar e terminar, cansar e energizar, sorrir e chorar”.

Desde que houve o sopro da vida, a dança faz parte do universo. Para os povos antigos, integrados à natureza, a dança era uma ação espontânea que fazia parte do dia a dia no qual a comunidade marcava seu pertencimento ao vivenciar valores e crenças. Dançar era uma forma de expressão do Ser Humano e as danças eram utilizadas em diferentes ocasiões, como forma de celebração, nos diferentes ciclos de vida: nascimento, casamento, entrada para a adolescência, para a vida adulta, morte, para celebrar o plantio e a colheita, as estações do ano, os ciclos da lua, a alternância dia e noite (Ostetto, 2007).  Acredita-se que a dança foi a primeira forma de expressão artística desenvolvida pelos seres humanos, como possibilidade de recriar e compreender o fluxo da vida. Importante destacar os dizeres de Wosien (2000) a esse respeito: “A dança como expressão do homem movido pelo poder transcendente é assim a forma artística mais antiga; antes que o homem expressasse sua experiência da vida mediante os materiais, fá-lo com o corpo. O homem primitivo dança em qualquer ocasião: por alegria, por dor, por amor, por medo, ao amanhecer, na morte, no nascimento”.

As danças circulares foram reavivadas por Bernhard Wosien a partir de 1952, quando começou a pesquisar as rodas antigas da Europa Oriental, em busca da coleta e registro de diferentes danças e diferentes povos, pois o mesmo andava procurando uma prática corporal mais orgânica para expressar seus sentimentos.

As Danças Sagradas, Danças Circulares Sagradas ou Danças dos Povos, como também são denominadas, caracteriza-se por danças realizadas de mãos dadas, com passos que vão dos mais simples aos mais complexos, a partir de músicas étnicas, clássicas e new age. Dança-se de mãos dadas, cantam-se as raízes, o folclore, o regional e a oração dos diversos povos e culturas do planeta. Recupera e integra antigas formas de expressões de diferentes povos, acrescida de novas criações, coreografias e ritmos, que através da consciência de um centro comum favorece a integração, busca de autoconhecimento individual e grupal (Ostetto, 2009).

A dança é a atividade mais sincronizada que as pessoas podem realizar, trata-se de uma “manifestação cultural tão antiga quanto o homem, a dança socializa, ritualiza, comunica, expressa crenças, pensamentos, emoções por meio de sua linguagem silenciosa” (Ribeiro e Teixeira, 2008). Cada dança tem sua especificidade, umas são alegres, energizantes, outras meditativas, introspectivas. Cada uma com sua melodia, seu ritmo, seu simbolismo, gestos, poder, cada qual contribuindo com a transformação de estados emocionais e físicos de cada indivíduo.

Confira abaixo os 4 benefícios da Dança Circular:

  1. Beneficia o corpo: uma atividade motora que amplia as capacidades físicas: coordenação, agilidade, equilíbrio, ritmo, resistência aeróbica. Contribui na percepção viso-espacial e propriocepção, possibilitando uma ampliação no repertório de movimentos, fluídos, ritmados, agitados ou calmos; auxilia o indivíduo a tomar consciência de seu corpo, melhorando a capacidade de autoaceitação, autoimagem, possibilitando a reflexão de resultados e limitações;
  2. Beneficia o cérebro: melhora nos aspectos cognitivos, ampliando as redes neurais, contribuindo para a melhora do processo de aprendizagem e memória, atenção, concentração, a percepção na capacidade de julgamento e planejamento;

A dança circular, como uma atividade motora, ativa cascatas musculares e celulares que mantém a plasticidade do cérebro, a vascularização, a neurogênese (nascimento de novos neurônios) e mudanças funcionais na estrutura neuronal;

Aumento do fator BNDF (fator neurotrófico derivado do cérebro), molécula que aumenta a sobrevivência dos neurônios, potencializa a transmissão sináptica (impulsos nervosos entre os neurônios), aumenta a resistência do neurônio a danos, melhorando o desempenho cognitivo;

  1. Beneficia a consciência da cidadania: favorece a ampliação da consciência grupal sem perder a essência da individualidade. Os indivíduos tornam-se mais tolerantes com as diferenças e com isso aprende a incluir todos os indivíduos sem distinção ou hierarquia;
  2. Beneficia o espírito: Possibilita a conexão com uma linguagem simbólica, transcendental. Sabe aquela sensação de paz, alegria, leveza, serenidade? Pois é, nos conecta com o que de melhor está em nós, com a gratidão pela vida.

Todos podem dançar, pois a Dança Circular se oferece como um campo pedagógico altamente funcional, aspirado e aceito por todos, crianças, jovens, adultos, idosos, bailarinos, não bailarinos, com experiência, sem experiência, ela desperta o que de melhor há em cada um de nós, pois nos passos de cada dança, exercitamos a nossa caminhada na vida com mais presença, mais leveza, mais consciência.

 

Maristela Negri Marrano

 

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:

DUBNER, Deborah. Dançando a vida: jornada de aprendizagem nas rodas de Dança Circular Sagrada. Itu – SP: Ottoni Editora, 2014.

OSTETTO, Luciana E. Na jornada da formação do mestre-aprendiz. Pró-Posições, UNICAMP, Faculdade de Educação, Campinas-SP, v. 18, n.3 (54), p. 95-120, Set/Dez.2007.

____. Na dança e na educação: o círculo como princípio. Educação e Pesquisa, São Paulo, v. 35, n. 1, p. 165-176, jan/abr. 2009.

RIBEIRO, Monica M.; TEIXEIRA, Antônio L. Aprender uma coreografia: contribuições da Neurociências para a Dança. Neurociências Brasil, 2008.

WOSIEN, Bernhard. Dança, um caminho para a totalidade. Tradução: Maria Leonor Rodenbach, Raphael de Haro Junior. São Paulo: TRIOM, 2000.

CHAKRAS E GLÂNDULAS: energia a seu favor

Todos os seres do planeta são compostos por energia, toda matéria é energia condensada e, consequentemente, nós somos compostos por energia e somos influenciados diretamente por ela.
Agora, imagine que você possui pontos específicos em seu corpo geradores de energia e que são relacionados à glândulas importantes do seu corpo……Imagine ainda, que você pode ativar e equilibrar o funcionamento desses pontos para melhorar a eficiência e saúde do seu corpo como um todo…………Não só imagine, entenda e se beneficie desse conhecimento…

 

Esses pontos específicos capazes de influenciar o funcionamento de nossas glândulas são os chakras; reconhecidos na medicina oriental como “centros de energia”. Eles estão relacionados a junção do plano físico, mental e espiritual e por isso mesmo são diretamente ligados ao aprimoramento/evolução individual. (1)
Os sete chakras principais (básico, umbilical, plexo solar, cardíaco, laríngeo, frontal e coronário) se situam no eixo central do corpo e, têm uma representação significativa no trabalho com energia e cura.(2)
Esses sete chakras, ficam localizados em lugares estratégicos coincidentes com glândulas fundamentais do nosso corpo. Essas glândulas têm a função de produzir hormônios (que transportam dados químicos que possibilitam o funcionamento de glândulas e órgãos) para auxiliar na manutenção do equilíbrio corporal. Elas podem fazer parte de dois sistemas: endócrino e exócrino. (3)
Enquanto centros de energia, o bom funcionamento desses pontos gera um fluxo de energia. No entanto, esse fluxo pode ser bloqueado ou prejudicado por conflitos emocionais, podendo gerar disfunções dos chakras afetando regiões do corpo e órgãos a eles relacionados. Esses desequilíbrios podem comprometer a saúde através do aparecimento de doenças relacionadas a cada um dos chakras. (2)
Os chakras e, o desenvolvimento de cada um deles também está diretamente relacionado ao nível de consciência e percepção de cada indivíduo. Esses centros de energia determinam a qualidade de consciência correspondente aos estados emocional, biológico, mental, moral e espiritual e, por isso estão tão ligados a evolução humana de cada um. (4)
O desenvolvimento e crescimento pessoal pode se dar através do aprimoramento dos estágios correspondentes ao chakras mais inferiores que referem-se ao desenvolvimento do controle dos impulsos mais primitivos (raiva, medo, ego, poder etc) estilo interpessoal, consciência, preocupação e estilo cognitivo. (1,5,6)
Sendo assim, os três primeiros chakras (raiz, umbilical e plexo solar) têm correspondência nas respectivas glândulas: supra-renais, ovários ou testículos e pâncreas. E a disfunção dessas glândulas pode estar associada a doenças pulmonares, cardíacas, hepáticas, problemas circulatórios, problemas no aparelho reprodutor, diabetes, insegurança, medo excessivo etc. (1,5,6)
O próximo estágio se dá através do crescimento espiritual através do aprimoramento do chakra cardíaco que tem a função de equilibrar os chakras inferiores com os três superiores. Aqui já se tem um grau de evolução maior, uma percepção da importância do amor e compaixão. O desequilíbrio desse chakra pode estar relacionado a ciúme excessivo, raiva, doenças cardíacas, asma, doenças pulmonares. Esse é o chakra da essência da vida, essência divina e a glândula ligada a ele é timo que tem a função primordial ligada a maturação de nossas células de defesa (sistema imunológico), através da produção da timosina. (1)
Esse estágio trata dos três chakras superiores (laríngeo, frontal e coronário) ligados a uma evolução maior por se tratar de chakras ligados a energia superior. Aqui já se tem uma auto consciência muito maior bem como uma intuição aflorada.
As glândulas correspondentes a esses chakras são, respectivamente, tireóide, hipófise e pineal e juntas elas controlam toda a homeostase orquestrando o perfeito funcionamento das outras glândulas e órgãos atráves da produção de hormônios como T3 e T4 e melatonina.
Os desequilíbrios nesses chakras podem estar relacionados a disfunções na tireóide (hiper e hipo tireoidismo), distúrbios psiquiátricos, dores de cabeça, dificuldade de concentração, problemas no sono, problemas de reprodução e sistema imunológico etc. (1,6,7,8)
Como pudemos perceber, de forma resumida, os chakras interferem diretamente no funcionamento de glândulas importantes para nossa saúde e estão relacionados também a maneira como entendemos e vivenciamos nossa vida. A partir do momento que temos essa consciência e buscamos aprimorar esses chakras estamos contribuindo significativamente para nossa saúde e para o bem de todos a nossa volta.
Por acreditarmos no impacto do conhecimento dos chakras em nossas vida, abordaremos nos próximos artigos, especificamente cada um dos chakras comentando suas peculiaridades bem como o funcionamento de suas glândulas correspondentes. Aguarde e surpreenda-se

Dicas que fazem bem aos chakras:
1) Respire consciente e serenamente várias vezes ao dia
2) Aprimore seus sentidos através de atitudes simples como: comer atentamente, sentindo o sabor dos alimentos, observe o seu entorno, sentindo aromas e ouvindo sons, caminhe observando paisagens
3) Medite pelo menos uma vez ao dia
4) Ouça músicas que te façam bem, que te acalmem e te tragam alegria
5) Por alguns instantes sente-se confortavelmente e mentalize seus chakras como círculos girando e sendo ativados.
6) Participe de atividades que estimulem e abordem esse tema
Até a próxima,

Alessandra Cerri

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
RAMOS, S. Os chakras falam! A pergunta fundamental: seus chakras falam? Estão acordados? Arcobaleno, 2002.
SAMPAIO, C. O movimento no corpo etérico e o seu reflexo no físico. In: Encontro Paranaense, Congresso Brasileiro de Psicoterapias Corporais XVI, XI, 2011.
BEAR, M; CONNORS, B.; PARADISO, M. “ Neurociências: desvendando o sistema nervoso 2008.
RAO, M.; BLAZEK, V.; SCHMITT, H. Investigations on the neurological and physiological aspects of chakras using optical sensors, spiedigitallibrary, 2015.
MEADOW, M. Yogic Chakra Symbols: mirrors of the human mind/heart. Journal of religion and health, vol.32, n.1, Spring, 1993
EBRAM, J. Os chakras: centros energéticos. Madras, 1996.
WUNDERER, F. et al. Clock gene expression in the human pituitary gland. Endocrinology, 154 (6), June 2013.
MOORE, R. Neural control of the pineal gland. Behavioural Brain Research, 1996.

QUAL A RELAÇÃO ENTRE APRENDIZAGEM E MEMÓRIA

QUAL A RELAÇÃO ENTRE APRENDIZAGEM E MEMÓRIA

Imagine-se numa praia, sol radiante, água límpida, areia branquinha, sentada na areia, ora lendo um bom livro, ora apreciando o oceano, tudo o que você queria para as férias de Janeiro. Férias deliciosas, não esquecerá, pois como nos diz Rubem Alves, aquilo que está escrito no coração não necessita de agendas, porque a gente não esquece. O que a memória ama fica eterno.

Pois bem, diante essa reflexão vamos entender qual é a relação entre aprendizado e memória e as diferentes etapas para que a memória possa funcionar.     Squire citado por Gazzaniga et al (2006) prossegue com a explicação: “aprendizado é o processo de aquisição de informação” e “ memória refere-se a persistência do aprendizado em um estado que pode ser evidenciado posteriormente”. Para o respectivo autor, memória então é o resultado do aprendizado, ou seja, a aprendizagem ocorre quando criamos uma memória e a reforçamos pela repetição. Isquierdo (2011) relata que a memória é um processo de aquisição, formação, conservação e evocação de informações. Para o autor, a aquisição é também chamada de aprendizagem, pois só ficará na memória o que foi aprendido, e só lembramos aquilo que memorizamos, aquilo que aprendemos.  Uma definição simples de memória que faça sentido aos leigos e profissionais é entendê-la como: “a habilidade de adquirir, armazenar e evocar informações” (Wilson, 2011, p.21).

Para Kandel et al (1997), aprendizagem é o processo por meio do qual nós e outros animais adquirimos conhecimento sobre o mundo e memória é a retenção ou armazenamento desse conhecimento. A memória, portanto, consiste em um conjunto de procedimentos que permite compreender o mundo, levando em conta o contexto atual e as experiências individuais, como bem coloca Isquierdo (2011), o acervo de nossas memórias faz com que cada um de nós seja o que é: um indivíduo, um ser para o qual não existe outro idêntico. Nós Seres Humanos somos o que lembramos e também somos aquilo que não queremos lembrar. Cada indivíduo é único, é quem é porque tem suas próprias memórias.

Levando em conta as definições dos respectivos autores: Isquierdo (2010, 2011), Wilson (2011), Gazzaniga et al (2006) e Kandel et al (1997) podemos concluir que sem memória, a aprendizagem não seria possível.                      Para que possamos compreender todo esse processo, faz-se necessário conhecer as três diferentes etapas para que a memória possa funcionar.

 

A seguir as 3 diferentes etapas para o bom funcionamento da memória:

  1. Codificação: na etapa da codificação ocorre à aquisição de informações. É a primeira fase da memória que prepara as informações sensoriais para serem posteriormente armazenadas no cérebro. Baseia-se na tradução de dados num código, que pode ser acústico, visual ou semântico. Por exemplo: A afirmação “a areia é branquinha”, pode-se codificar o seu conteúdo como: Uma imagem de sinais que são letras (código visual); uma sequência de sons (código acústico); tomar consciência do significado da afirmação e o que ela representa (código semântico).

A codificação reporta-se à aprendizagem que exige esforço e no qual o objetivo é memorizar a informação. Neste caso, temos de dedicar mais atenção às informações que desejamos memorizar o que leva a uma codificação mais profunda.

  1. Armazenamento: nós temos a retenção da informação sobre algo, por exemplo, minhas férias de janeiro na praia. Ao relembrarmos, recordaremos do livro que lemos, das pessoas que estavam conosco, etc. O processo de armazenamento se inicia logo após o registro do estímulo e pode se estender por horas, dias, meses e anos. Nessa etapa, as experiências e informações novas estabelecem relacionamento com as informações adquiridas anteriormente e vão continuamente sendo ativadas e desativadas.
  2. Evocação: diz respeito ao acesso a informação, para criar uma representação consciente ou para executar um comportamento aprendido como um ato motor, por exemplo, a coreografia de uma dança. Quando lembramos de algo, várias áreas do cérebro são utilizadas. Cada informação produz modificações nas redes neuronais, que se mantendo, permitem que você se recorde do que memorizou.

Apesar de podermos fazer distinção entre as respectivas etapas, na realidade essas etapas interagem umas com as outras.

Vale ressaltar que as memórias são feitas por células nervosas (neurônios), se armazenam em redes de neurônios e são evocadas pelas mesmas redes neuronais ou por outras. Isquierdo (2011) nos alerta para o fato de que as emoções, o nível de consciência e o estado de ânimo interferem no processamento da memória. Acontecimentos que ocorreram com um forte grau de alerta emocional, tornam-se mais fáceis de serem recordados e com maiores detalhes, como por exemplo: nosso casamento, nascimento de um filho, morte de alguém querido. Como fica fácil aprender ou evocar algo quando estamos bem humorados e principalmente bem alertas. E como fica difícil aprender ou evocar qualquer coisa quando estamos mal humorados, estressados, desatentos.

Por isso, vamos regatar sempre o nosso bom humor!

 

Maristela Negri Marrano

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:

GAZZANIGA, Michael S; IVRY, Richard B; MANGUN, George R. Neurociência Cognitiva: a biologia da mente. Tradução Angelica Rosat Consiglio…[et al]. 2ª Ed. Porto Alegre: Artmed, 2006.

ISQUIERDO, Iván. A Arte de Esquecer: cérebro e memória. 2º Ed. Rio de Janeiro: Vieira & Lente, 2010.

____. Memória.2º Ed. Porto Alegre: Artmed, 2011.

KANDEL, Eric R; SCHWARTZ, James H; JESSELL, Tomas M. Fundamentos da Neurociência e do Comportamento. Rio de Janeiro: Prentice Hall do Brasil, 1997.

WILSON, B. A. Reabilitação da Memória: integrando teoria e prática. Tradução: Clarissa Ribeiro; revisão técnica: Rochele Paz Fonseca. Porto Alegre: Artmed, 2011.

 

CHAKRA CARDÍACO


Imagine que existe um ponto dentro de você capaz de melhorar sua energia vital, capaz de te tornar mais forte através do fortalecimento de seu sistema imunológico… agora pare de imaginar e sorria, pois esse ponto existe e ele pode te ajudar de maneira impressionante a se equilibrar e viver mais intensamente; conheça seu chakra cardíaco.


O chakra cardíaco é um dos mais importantes, uma vez que ele une os três básicos (mais instintivos e básicos) com os três chakras superiores (mais espirituais). Assim sendo, esse chakra opera nos planos físico, emocional e espiritual. (1)

Sendo assim, esse ele coordena esses três planos para manter “acesa” nossa energia vital. Está ligado a vontade de viver e está diretamente relacionado a capacidade de amar e ter compaixão. O elemento é o ar, a cor é o verde e a glândula correspondente é o timo. (2)

A abertura desse chakra torna a pessoa mais receptiva à vida, mais feliz, tolerante, acolhedora, menos julgadora e geradora de amor e paz. Esse chakra é o da reconciliação, união e transmutação do medo. (3)

Sua glândula correspondente, o timo (thymus em grego)  significa  alma, coração, emoção, espirito. Essa pequena glândula é responsável pela produção de linfócitos T e maturação destes (através da timosina), sendo assim, fundamental para a resposta imunitária do organismo. (4)

O timo tem um papel importante na regulação do humor, refinamento das emoções, fortalecimento do sistema imunológico e, está relacionado a doenças como câncer, pneumonia, asma, bronquite, aids. (5)

É interessante citar que essa relação da palavra timo com a proximidade dessa glândula ao coração levou muitas pessoas a comentar que ela seria a sede a alma. De qualquer modo, pela sua importância para nossa saúde e nossa evolução é extremamente benéfico que se estimule e ative esse chakra constantemente.

DICAS IMPORTANTES PARA SEU CHAKRA CARDÍACO:

  • Inspire e expire consciente e suavemente durante alguns minutos, sentindo o ar entrar pelas suas duas narinas
  • Durante alguns minutos fique em silêncio, de olhos fechados e perceba seus batimentos cardíacos; após um tempo “visualize” e sinta um ponto bem no meio do seu peito, quando possível “visualize” esse ponto girando (como se estivesse sendo ativado)
  • Quando se sentir a vontade “visualizando” o ponto do seu chakra, “visualize-o” todo iluminado com a coloração verde.
  • Durante algum tempo, quando estiver em paz, feche os olhos sinta sua respiração e batimentos cardíacos e mentalize algumas vezes a frase “tenho vitalidade, saúde e paz.”
  • Medite diariamente, nem que seja por poucos minutos.

Até a próxima, com  os chakras superiores!

                                                                     Alessandra Cerri

 

 

Referências Bibliográficas

WAUTERS, A.  O livro completo dos chakras: libere o poder positivo.  Quarto editora, 2002.

MEADOW, M.  Yogic Chakra Symbols: mirrors of the human mind/heart.  Journal of religion and health, vol.32, n.1, Spring, 1993.

RAMOS, S.  Os chakras falam! A pergunta fundamental: seus chakras falam? Estão acordados?   Arcobaleno, 2002.

FAUSTO, C.  Timo: caracterização ultrassonográfica.  Radiologia Brasileira,  37(3), 2004.

SILVA, B. A Glândula timo e as técnicas de cura da medicina holística tradicional. Revista de Psicologia, 4, 2010.

NA JORNADA DA VIDA

NA JORNADA DA VIDA

 

 DESCUBRA OS BENEFÍCIOS DA ATIVIDADE FÍSICA PARA A MANUTENÇÃO DA SAÚDE DO CÉREBRO.

Interessante observar, embora saibamos que o esquecimento faça parte do processo de aprendizagem, todos ficamos incomodados com o esquecimento às vezes, nas horas mais inconvenientes. Imagine a esposa esperando um lindo buquê de rosas no dia do aniversário de casamento e o marido nem sequer lembrou! Uma reunião importante, o marido pega a carteira e não encontra a chave do carro, “onde deixei, não consigo lembrar!” O adolescente na prova e não consegue lembrar quanto é nove vezes oito.

Pois bem, quando esses esquecimentos acontecem com os mais jovens, sempre encontramos uma explicação. Ah, ele é desligado, não presta atenção em nada. Mas, diante do esquecimento dos mais velhos, a reação dos outros e deles mesmos é diferente. Minha memória era fantástica, mas agora eu vivo me esquecendo das coisas! Será que estou ficando velho? Quem já não ouviu dos filhos: mãe, você já perguntou três vezes onde será a festa!

Lapsos de memória podem ocorrer provocados pela sobrecarga de atividades comum nos dias de hoje. Se não houver, porém, nenhuma doença que justifique essa perda, com exercício e atenção é possível manter o bom funcionamento da memória. Mas, com a passagem do tempo, ocorrem algumas transformações físicas, cognitivas, sociais, emocionais, espirituais.

O sistema biológico mais comprometido com o processo de envelhecimento é o sistema nervoso central (SNC). Trata-se de um sistema responsável pela vida de relação (sensações, movimentos, funções psíquicas, dentre outros) e pela função vegetativa (funções biológicas internas). Importante destacar que o envelhecimento cerebral também apresenta um ritmo especial devido à heterogeneidade entre as pessoas mais velhas, os decréscimos do processo intrínseco do envelhecimento podem ser menores quando influenciados por hábitos pessoais como dieta, exercício físico, atividades intelectuais, exposições ambientais e constituição física (Cançado e Horta, 2002; Nordan et al., 2009).

O envelhecimento traz consigo um declínio gradual nas funções cognitivas, aqui entendidas como as fases do processo de informação, como percepção, aprendizagem, memória, atenção, vigília, raciocínio e solução de problemas além do funcionamento psicomotor (tempo de reação, tempo de movimento, velocidade de desempenho) (Antunes et al., 2006; Nordan et al., 2009).

As principais alterações características do envelhecimento cerebral normal são: declínio da memória de trabalho e memória recente. O aprendizado de situações ou informações novas, a evocação retardada e repetição de números de ordem inversa são as funções mnêmicas mais alteradas (Damasceno, 1999). As perdas de memória, principalmente as que se refletem em dificuldade para recordar nomes, números de telefones e objetos guardados, são as que mais chamam a atenção dos idosos (Canineu e Bastos, 2002). Silva e Silva (2013) nos alertam sobre as mudanças neurofisiológicas e estruturais que incluem o rompimento das fibras de mielinas de diferentes regiões corticais, diminuição da massa cerebral branca e cinzenta, alterações nos neurotransmissores e na fisiologia das conexões sinápticas, além da deterioração da circulação sanguínea central, perda de neurônios, formação de depósito amiloide nos vasos sanguíneos e células, aparecimento de placas senis e de emaranhados neurofibrilares.  Cançado e Horta (2002) nos alertam, que embora as placas e emaranhados sejam característicos de doença de Alzheimer, eles podem aparecer em cérebros de idosos sem evidência de demência.

Estas alterações acarretam redução do funcionamento cognitivo global e da velocidade de processamento, diminuição de desempenho em tarefas que envolvem a atenção seletiva, atenção dividida e diminuição da eficiência da codificação e resgate das informações, em especial para as tarefas de evocação livre, memória episódica e operacional.

Em contrapartida às perdas cognitivas decorrentes do envelhecimento, apresentamos a atividade física sistematizada como um recurso plausível para a manutenção da saúde do cérebro, evolvendo mudanças na plasticidade sináptica e influenciando mecanismos de aprendizagem e memória.

Diversos estudos têm demonstrado que o exercício físico melhora e protege a função cerebral particularmente em idosos. Dados epidemiológicos sugerem que indivíduos moderadamente ativos têm menor risco de ser acometidos por problemas cognitivos do que os sedentários, mostrando que a participação em programas de exercícios físicos pode ser um importante protetor contra o declínio cognitivo e demência em idosos (Antunes et al., 2006; Antunes, 2003).

 

A seguir os benefícios da atividade física para a manutenção da saúde do cérebro:

 

  • Aumento da circulação sanguínea, transportando mais oxigênio e nutrientes para os neurônios (células do sistema nervoso);
  • Melhora em funções cognitivas como a memória;
  • Diminuição da pressão arterial, melhora no condicionamento cardiorrespiratório, humor, autoestima;
  • Ativação de cascatas musculares e celulares que mantém a plasticidade do cérebro, a vascularização, a neurogênese (nascimento de novos neurônios) e mudanças funcionais na estrutura neuronal.
  • Aumento do fator BNDF (fator neurotrófico derivado do cérebro), molécula que aumenta a sobrevivência dos neurônios, potencializa a transmissão sináptica (impulsos nervosos entre os neurônios), aumenta a resistência do neurônio a danos, melhorando o desempenho cognitivo, aumentando o processo de aprendizagem e memória.

 

Diante todos esses benefícios não dá para ficar parado, pois a vida é movimento, e é esse movimento o responsável por beneficiar todo o seu corpo, incluindo o cérebro, tornando-o mais hábil pela mecânica do movimento e mais lúcido pela fisiologia do movimento, como nos alertou Nuno Cobra (2001).

                                                                      

 

Maristela Negri Marrano

REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA:

ANTUNES, Hanna K. M. A influência do exercício físico aeróbico em funções cognitivas e viscosidade do sangue de idosos normais. [Dissertação de mestrado – Escola Paulista de Medicina]. São Paulo, 2003.

ANTUNES, Hanna K. M et al. Exercício Físico e função cognitiva: uma revisão. Ver. Bras. Med. Esporte. v. 12. n. 2 – mar/abr. 2006.

CANINEU, Paulo Renato; BASTOS, Adriana. Transtorno cognitivo leve. In: de Freitas E. V; Py L; Cançado F. A. X; Doll J, Gorzoni M. L; Tratado de geriatria e gerontologia. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2002.

CANÇADO, Flávio A. Xavier; HORTA, Marcos de Lima. Envelhecimento Cerebral. In: de Freitas E. V; Py L; Cançado F. A. X; Doll J, Gorzoni M. L; Tratado de geriatria e gerontologia. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2002.

COBRA, Nuno. A Semente da Vitória. Editora SENAC São Paulo, 2001.

DAMASCENO, Benito P. Envelhecimento Cerebral: o problema dos limites entre o normal e o patológico. Arq. Neuro-Psiquiatr, 57 (1), SP, 1999.

NORDAN, Davidet al. Perda cognitiva em idosos. Rev. Fac. Ciênc. Med. Sorocaba, v. 11, n. 3, p. 5-8, 2009.

SILVA, Henrique S; SILVA, Thaís B. L. Saúde cognitiva e promoção do envelhecimento bem-sucedido. In: Franklin Santana Santos…[et al]. Estimulação cognitiva para idosos: ênfase em memória. 1ª Ed. Rio de Janeiro: Editora Atheneu, 2013.

MEDITAÇÃO

                             

A meditação vem sendo considerada uma das ferramentas mais eficazes na busca de equilíbrio e controle de síndromes sérias como a ansiedade, estresse e também a depressão.

Essa técnica oriental milenar de busca espiritual, propõe o treinamento e controle da mente; mas como essa prática pode mudar sua vida?

É importante salientar que existem dois significados um pouco diferentes, mas que se complementam, para a meditação nas civilizações orientais e ocidentais. Enquanto o oriente associa a meditação com busca espiritual; o ocidente, em especial as pesquisas científicas, relacionam a meditação a prática auto-regulatória do corpo e mente.

Meditação é definida como uma prática que busca treinar a mente, dirigir a atenção, diminuir a incidência de pensamentos repetitivos e, consequentemente, reorienta o cérebro tornando o eficaz para lidar com pensamentos prejudiciais.

Existem vários tipos de meditação, entre elas a mindfulness e a Shamatha e, ambas estão associadas à melhora de vários componentes cognitivos e emocionais.

A mindfulness por ser uma observação livre dos conteúdos mentais, sem, no entanto, ter a descarga de estresse vivenciada nas situações reais possibilita uma ressignificação de situações ou, pensamentos estressantes sofridos.

Estudos apontam que existe uma relação inversamente proporcional entre a meditação e o nível de cortisol, o hormônio do liberado em situações de estresse e que pode ser tóxico e muito prejudicial para os neurônios.

O forte trabalho de córtex frontal, córtex ventro medial e o fortalecimento da ligação entre áreas executivas e sistema límbico faz com que a meditação melhore significativamente a atenção/concentração e memória.

DICAS PARA MEDITAR

  1. Sente-se confortavelmente com ombros, pernas e pálpebras relaxados e inicie o processo de inspiração e expiração.
  2. Concentre-se nesse processo e observe o mesmo se tornando mais tranquilo e sereno enquanto aumenta sua percepção sentindo e focando sua atenção em seus batimentos cardíacos. Se sua mente divagar e pensamentos começarem a surgir, não se recrimine e tranquilamente volte sua atenção a sua respiração e batimentos cardíacos. Permaneça nesse exercício por 5 a 10 minutos.
  3. Você pode alternar essa técnica (mindfulness) com a de atenção plena. Para isso foque sua atenção em algo definido como uma rosa ou a chama de uma vela.
  4. Você pode ainda, alternar com a meditação de compaixão. Para essa prática você deve mentalizar pessoas e enviar energias positivas e mentaliza-las bem e sorrindo e entre as pessoas você deve incluir aquelas que por algum motivo você tenha algumas objeções ou ressentimentos.

                                     Alessandra Cerri

 

 

Bibliografia de apoio

BARROS, L.C.; DE LUCA, M.  Meditação. Mente quieta, coluna ereta. Filosofia de bem viver. São Paulo: Caras, 2004.

BISHOP, S.R.; LAU, M.; SHAPIRO, S.; CARLSON, L.; ANDERSON, N.D.; CARMODY, J.; SEGAL, Z.V.; ABBEY, S.; SPECA, M.; VELTING, D.; DEVINS, G.  Mindfulness: a proposed operational definition. Clinic Psychol, v.11, p. 230-241, 2004.

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